Novembro azul é o mês de conscientização do câncer de próstata, o segundo que mais mata homens – atrás somente do câncer de pele não melanoma. Embora a maioria dos casos seja de homens com mais de 60 anos, os casos em homens jovens têm aumentado nas últimas décadas.
Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) indicam que, embora seja raro, cerca de 5% dos diagnósticos de câncer de próstata ocorrem em homens com menos de 50 anos.
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Segundo a oncologista e fundadora do canal Longidade, Danielle Amaro, a incidência de câncer de próstata em homens jovens, abaixo de 50 anos, tem aumentado devido à maior conscientização sobre a doença e aos avanços nas técnicas de diagnóstico, como a dosagem do PSA (antígeno prostático específico), que possibilitam a detecção precoce.
“Além disso, esse aumento pode ser parcialmente explicado por mudanças nos hábitos alimentares e fatores genéticos. Homens com histórico familiar de câncer de próstata têm maior risco, mesmo em idades mais jovens, principalmente, se o familiar em questão foi diagnosticado com menos de 45 anos”, diz à AnaMaria.
Câncer de próstata em homens jovens é mais agressivo
De acordo com a médica, o câncer de próstata em homens jovens costuma ser mais agressivo e evolui de forma mais rápida quando comparado com os casos da doença em homens mais velhos.
“Esse tipo de câncer em jovens, geralmente, tem características biológicas distintas, como uma maior taxa de proliferação celular e maior grau de diferenciação celular, o que contribui para sua agressividade. Além disso, alguns estudos sugerem que as mutações genéticas, como a presença do gene BRCA, podem ser mais prevalentes em homens mais jovens, tornando o câncer mais difícil de tratar e com maior propensão a metástases precoces”, afirma.
Por outro lado, o câncer de próstata em homens mais jovens inclui uma maior resposta à quimioterapia, mas também uma maior resistência a tratamentos hormonais, o que pode levar a um pior prognóstico.
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Quais os fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de próstata?
- Idade: o risco aumenta significativamente após os 50 anos, sendo mais comum após os 60 anos;
- Histórico familiar: homens com parentes de primeiro grau (pai ou irmão) diagnosticados com câncer de próstata têm um risco duas a três vezes maior de desenvolver a doença;
- Etnia: homens de ascendência africana têm um risco significativamente maior, enquanto homens de origem asiática têm menores taxas de incidência. Além disso, afrodescendentes têm um maior risco de apresentarem o diagnóstico mais jovens e em forma mais agressiva;
- Fatores genéticos: certas mutações genéticas, como os genes BRCA1 e BRCA2, estão associadas ao câncer de próstata de alto risco;
- Dieta: dietas ricas em gorduras saturadas, embutidos e carnes vermelhas podem aumentar o risco, enquanto uma dieta rica em frutas, vegetais e peixes pode ter um efeito protetor;
- Obesidade: homens com obesidade têm maior risco de desenvolver formas agressivas de câncer de próstata. A cada cinco pontos a mais no índice de massa corporal (IMC), o risco geral de desenvolver uma neoplasia aumenta em 24% para os homens.
Como descobrir o câncer de próstata em estágio inicial?
A campanha Novembro Azul alerta para a detecção do câncer de próstata em estágios iniciais, justamente para aumentar as chances de um tratamento bem-sucedido e, consequentemente, a cura. Por isso, a campanha visa conscientizar, educar a população e desmistificar o exame de toque retal.
“A melhor forma de detectar o câncer de próstata em estágio inicial é por meio de uma combinação de estratégias, entre elas, a dosagem do PSA, o exame de toque retal ou a realização de uma ressonância multiparamétrica da próstata”, explica Danielle.
O teste de PSA deve ser realizado periodicamente em homens a partir dos 50 anos, ou antes, em homens com histórico familiar de câncer de próstata ou com outros fatores de alto risco.
Já o toque retal deve ser realizado por um médico urologista e pode detectar alterações no tamanho, forma e consistência da próstata, o que pode indicar a presença de um tumor. Esse exame isoladamente tem sensibilidade de 40% em detectar um tumor precocemente e, quando associado a dosagem de PSA, aumenta a sensibilidade diagnóstica para 80%.
“Ainda há muitos preconceitos em relação à realização do exame de toque, porém, ele pode ser substituído pela realização da Ressonância Multiparamétrica da próstata sem prejuízo na eficácia do rastreio”, diz a médica.
O problema da ressonância é sua restrição de acesso ao exame que não está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o que torna o exame de toque melhor do ponto de vista populacional.
Quais os primeiros sinais de alerta ao câncer de próstata?
O câncer de próstata é chamado de ‘doença silenciosa’ porque, na maioria dos casos, não apresentam sintomas nos estágios iniciais. Entretanto, alguns sinais podem indicar a presença de problemas na próstata e devem ser observados. Confira!
- Dificuldade para urinar: dificuldade para começar ou interromper o fluxo urinário, sensação de que a bexiga não esvazia completamente;
- Sangue na urina ou no sêmen: a presença de sangue é um sinal preocupante e deve ser investigada;
- Dor ao urinar ou ejacular: pode indicar inflamação ou problemas na próstata;
- Dor nas costas, quadris ou coxas: dor persistente nessas regiões pode ser um sintoma de metástase, caso o câncer tenha se espalhado;
- Necessidade frequente de urinar: vontade de fazer xixi constante, especialmente à noite.
“Esses sintomas não significam necessariamente câncer de próstata, mas, se persistirem, devem ser avaliados por um médico urologista”, destaca a oncologista.
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