Ludmilla abriu o coração durante uma conversa com Mano Brown na última quinta-feira (28). Em participação no podcast ‘Mano a Mano’, produção original do Spotify apresentada pelo rapper, a cantora revelou o motivo principal por trás de suas cirurgias plásticas e iniciou um debate importantíssimo sobre racismo e identidade racial.
No episódio, Ludmilla contou que começou a fazer procedimentos estéticos desde muito nova. “Minha música estourou eu tinha 17 anos, a ‘Fala Mal de Mim’, quando comecei a fazer cirurgia plástica. A primeira que eu fiz foi pra começar a ser aceita”, afirmou.
Segundo ela, as pessoas que a contratavam falavam constantemente sobre sua aparência, o que a incomodava muito. “Chegava no show e as pessoas viam quem era a MC Beyoncé [antigo nome artístico de Ludmilla]. Falavam do meu nariz, da minha perna, do meu cabelo, e eu cantando e ouvindo aquilo”, desabafou.
Inclusive, acerca dos comentários, Ludmilla disse que as falas racistas e preconceituosas começaram desde cedo, no colégio. “Aprendemos na escola que preto era feio, que cabelo crespo era horrível, que nariz largo era horrível, que lábios grandes eram feios”, pontuou, relembrando que esse foi, basicamente, o pontapé inicial para despertar seu interesse em cirurgias plásticas.
O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS?
De acordo com Wendell Uguetto, cirurgião plástico da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, esses comentários maldosos acerca de partes do corpo são a principal fonte de inseguranças, como destacou Ludmilla. “A partir do momento em que a pessoa sofre com piadas referentes a partes do corpo, é bastante comum que ela enxergue esta parte como algo que também a desagrada”, conta o profissional.
Além disso, segundo o levantamento da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, feito em 2016, a procura de procedimentos estéticos por jovens de 13 a 18 anos aumentou em 141%, em comparação com o início dos anos 2000. Assim, o Brasil se tornou o líder mundial, com 97 mil procedimentos somente no ano em que a pesquisa foi realizada.
Por fim, é importante ressaltar que o bem-estar pessoal deve ser o primeiro tópico da lista. Antes de realizar qualquer cirurgia, Wendell afirma que o melhor é refletir se aquela é uma vontade própria ou resultado de uma pressão externa. “Se o adolescente não sente a necessidade da cirurgia, ela passa a não ser indicada. Mas se a queixa também o desagrada, então ele tem total indicação para realizar o procedimento estético”, explica.