A menopausa é uma fase natural da vida da mulher, marcada pelo término dos ciclos menstruais e uma série de mudanças hormonais que podem impactar a saúde física e emocional. Geralmente ocorrendo entre os 45 e 55 anos, essa transição pode trazer sintomas variados, como ondas de calor, alterações de humor e, frequentemente, insônia.
Menopausa precoce: quando é hora de iniciar o tratamento?
AnaMaria conversou com a ginecologista Natacha Machado, que explora os sinais da menopausa, seus efeitos no sono e as opções disponíveis para minimizar o desconforto durante esse período de transformação.
Menopausa e o sono
Um dos primeiros sintomas que muitas mulheres percebem com a variação dos hormônios durante a menopausa é, sem dúvida, a alteração no sono. A progesterona, o primeiro hormônio a apresentar uma queda significativa, desempenha um papel crucial na regulação do sono. Sua diminuição pode resultar em uma série de consequências, como um sono mais agitado, despertares noturnos frequentes e a sensação de que o sono é insuficiente.
À medida que a menopausa avança, a queda do estrogênio também contribui para a insônia, intensificando ainda mais esses problemas. A falta de estrogênio pode afetar a qualidade do sono, provocando dificuldades para adormecer e manter-se dormindo. Muitas mulheres relatam um aumento da ansiedade e alterações de humor durante essa fase, fatores que podem agravar ainda mais os distúrbios do sono.
“A mulher geralmente acorda mais cansada, sonolenta durante o dia, falta de concentração e foco, e culmina com irritabilidade, falta de memória, falta de atenção”, afirma Natacha.
Além das dificuldades relacionadas ao sono, como cansaço e irritação, muitas mulheres enfrentam uma série de outros sintomas associados à menopausa que podem afetar a qualidade de vida. A diminuição do estrogênio, está diretamente ligada a queixas comuns, como a diminuição da libido e uma menor resposta sexual. Muitas mulheres relatam dificuldades para atingir o orgasmo e experimentam ressecamento vaginal, que pode causar desconforto e até dor durante a relação sexual.
O estrogênio desempenha um papel crucial na saúde geral, influenciando desde a função cognitiva até a saúde cardiovascular e óssea. Sua falta não se limita apenas à vida sexual; pode resultar em alterações na memória e no humor, aumentando a sensação de irritabilidade. Além disso, a diminuição do estrogênio pode afetar a saúde do cabelo, tornando-o mais fino e suscetível à queda, e impactar as articulações, levando a desconfortos e rigidez.
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Equilíbrio hormonal
Considerando os efeitos significativos da diminuição dos hormônios sexuais, a reposição hormonal se destaca como uma das opções de tratamento mais eficazes para aliviar os sintomas da menopausa. Essa abordagem envolve a substituição ou reposição dos hormônios estradiol e progesterona, que desempenham papéis cruciais no equilíbrio hormonal do corpo feminino.
A terapia de reposição hormonal (TRH) pode ajudar a mitigar problemas como insônia, diminuição da libido, ressecamento vaginal e alterações de humor, proporcionando um alívio significativo para muitas mulheres.
Além do estradiol e da progesterona, em alguns casos específicos, pode haver a necessidade de reposição de testosterona. Este hormônio, embora frequentemente associado aos homens, também é importante para as mulheres, influenciando a libido, a energia e a sensação de bem-estar. A terapia com testosterona pode ser particularmente benéfica para aquelas que experimentam uma queda acentuada na libido e na resposta sexual durante a menopausa.
“Além do tratamento da reposição hormonal, e independente dele, para aquelas pacientes que não possam fazer uso, as mudanças comportamentais são fundamentais no tratamento da manutenção do sono”, aponta a especialista.
Manter um estilo de vida saudável é fundamental durante a menopausa, e algumas dicas podem ajudar a mitigar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Natacha separou algumas dicas eficazes que ajudam você a passar por essa fase:
A atividade física matinal não apenas fornece energia, mas também atua como um estimulante natural, ajudando a regular o sono. Exercícios realizados à noite, por outro lado, podem contribuir para um sono agitado, prejudicando a qualidade do descanso.
A alimentação equilibrada é igualmente importante. É aconselhável reduzir a ingestão de bebidas estimulantes, como álcool e café. Mesmo que uma mulher esteja acostumada a consumir café diariamente, durante a menopausa a sensibilidade a esses estimulantes pode aumentar. Portanto, limitar o consumo de café a três xícaras pequenas, preferencialmente até o início da tarde, pode ajudar a evitar interferências no sono, tornando-o mais reparador.
Além da prática regular de exercícios, que deve incluir pelo menos 150 minutos por semana de atividades como musculação e pilates, é essencial monitorar a alimentação e a manutenção do peso. A Organização Mundial da Saúde recomenda essa quantidade mínima de exercício para promover a saúde física e mental.
Para aquelas que não podem ou não desejam optar pela reposição hormonal, é possível considerar a fitoterapia ou o uso de suplementos. Essas alternativas podem ser benéficas, especialmente para mulheres com histórico de câncer de mama, ovário ou útero, ou que apresentam condições cardiovasculares que requerem acompanhamento específico.
A abordagem integrada, que inclui mudanças comportamentais e o uso de alternativas terapêuticas, pode proporcionar alívio significativo dos sintomas da menopausa e contribuir para uma vida saudável e ativa.
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