Uma investigação, revelada esta semana, descobriu que frangos brasileiros, rejeitado no Reino Unido por estarem contaminados por Salmonella, estão sendo comercializados no mercado nacional normalmente.
Trata-se do gênero de bactérias gram-negativas da família Enterobacteriaceae, que causam diversas doenças relacionadas à ingestão de alimentos crus, mal cozidos (especialmente aves e ovos), água contaminada ou manipulação de alimentos sem os devidos cuidados de higiene.
A informação foi revelada por uma matéria do Repórter Brasil, em parceria com o jornal britânico The Guardian e o Bureau of Investigative Journalism.
Eles descobriram que cerca de 1 milhão de frangos congelados foram vetados nos portos do Reino Unido entre abril de 2017 e novembro de 2018, por não atenderem padrões sanitários rigorosos do continente europeu.
Mas será que consumir alguma parte de um frango contaminado pode fazer mal para a sua saúde?
NÃO É BEM ASSIM, DIZ GOVERNO
A Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, confirmou a devolução do frango contaminado durante uma entrevista coletiva na última quarta-feira (3), em Brasília (DF). Segundo ela, esse tipo de medida é comum.
“A quantidade de exportação do frango brasileiro é enorme. Só 17 contêineres vieram com Salmonella. Dois tipos apenas que têm problema para humanos. Isso [a denúncia] é desserviço aos produtos brasileiros”, declarou.
Tereza ainda reforçou que o produto pode ser utilizado mercado brasileiro mesmo após a devolução, pois as exigências sanitárias do Brasil são mais brandas do que as da Europa.
É VERDADE?
A comercialização deste frango pode acontecer de duas formas em território nacional: caso o frango contenha bactérias com riscos à saúde humana, ele ainda pode ser cozido e processado para ser utilizado como nuggets, salsichas e mortadelas.
Já os frangos com bactérias que não apresentam risco à saúde, de acordo com os padrões brasileiros, pode ser vendido nas gôndolas dos supermercados e açougues normalmente. E isso, acredite, realmente não representa riscos para a saúde do consumidor.
De acordo com José Alves Lara Neto, médico nutrólogo da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), a salmonella não é tão nociva quanto parece. “A própria cocção do alimento já é o suficiente para eliminar a bactéria”, diz.
Contudo, alguns grupos de pessoas devem ficar mais atentos. “O grande problema dessas contaminações está em crianças abaixo de cinco anos, idosos e pessoas com doenças que afetam a imunidade, como a diabetes”, ressalta.
COMO IDENTIFICAR
Segundo o nutrólogo, identificar um frango ou qualquer alimento contaminado com salmonela em casa é impossível. Portanto, é preciso tomar alguns cuidados. “Depois de manusear, lave as mãos antes de tocar em outro produto”, alerta. Dessa forma, é possível evitar que al contaminação se espalhe.
Realizar o cozimento desta carne de forma apropriada também é um fator importante. “Quando cozido, a bactéria desaparece”, afirma Lara Neto.
De todo modo, ficar alerta aos sintomas de intoxicação alimentar é essencial. A Salmonella causa infecções alimentares e outras doenças, como gastroenterite, septicemia (Sepse) e Febre Tifoide.
Assim, diarreia, náuseas e calafrios podem ser sinal de problemas. Neste caso, procure ajuda médica imediatamente.