“Como posso lidar com o diabetes na adolescência? Minha filha tem 14 anos e é diabética…” – M. P., por e-mail.
Na adolescência ocorre uma resistência fisiológica à ação da insulina que pode ser responsável pela eclosão do diabetes mellitus tipo 1 nessa fase ou pela piora do controle glicêmico de pacientes diagnosticados na infância.
Isso se deve às alterações hormonais inerentes à adolescência. Os adolescentes de uma maneira geral têm resistência maior à insulina do que os adultos, além de um aumento na resposta de hormônios contrarregulatórios, o que dificulta a ação da insulina.
No entanto, além das alterações biológicas, a adolescência vem acompanhada de desenvolvimento físico e cognitivo, e maturidade emocional. Esse é um período em que meninos e meninas definem vários aspectos pessoais, profissionais e sociais de sua identidade.
Nesse contexto, as doenças crônicas são um fator adicional de estresse. As limitações e novas responsabilidades que aparecem com o mal podem interferir diretamente no adequado desenvolvimento desse jovem da mesma forma que o período pelo qual ele está passando pode interferir no seu tratamento.
A adolescência é um período crítico na vida dos pacientes com DM1, porque os conflitos típicos dessa fase se somam às mudanças impostas pela doença. Por isso, o jovem com diabetes deve ser acompanhado de forma multiprofissional.
Devemos, como família e profissionais de saúde, estar atentos à adesão do paciente à receita prescrita, à orientação nutricional e às suas questões psicológicas. A família exerce papel primordial nessa situação. Quanto mais saudáveis as relações dos jovens com os familiares, melhor a adesão ao tratamento e ao controle da doença.
FERNANDA ANDRÉ – Endocrinologista pediátrica. Mestre em endocrinologia e especialização em endocrinologia pediátrica pela UFRJ. Título de especialista em endocrinologia pediátrica pela Associação Médica Brasileira (AMB).