Quanto tempo eu tenho, doutor?” Foi dessa forma que Romero Rômulo, o falso ativista da novela das 9 interpretado por Alexandre Nero, reagiu à notícia de que estava sofrendo de uma doença sem cura, a esclerose múltipla. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 30 mil pessoas já passaram por esse momento e hoje estão em tratamento no Brasil. Acontece que, assim como o personagem, muita gente não entende do que se trata o mal – e pode até encará-lo como uma sentença de morte. A verdade é que a esclerose múltipla pode comprometer bastante a capacidade cerebral, mas se for detectada no início e o paciente receber a medicação correta, ela pode ser controlada.
O que é?
A esclerose múltipla é considerada uma doença autoimune. Esse termo é usado para nomear os casos em que o nosso sistema imunológico “se engana” e começa a atacar partes saudáveis do corpo. No caso da esclerose, as defesas do organismo passam a sabotar o sistema nervoso, mais precisamente a bainha de mielina, uma espécie de capa que reveste os nossos condutores nervosos. Esses condutores são responsáveis por levar impulsos do corpo ao cérebro e vice-versa. Quando a bainha é atacada, ela pode causar lesões em diferentes pontos do cérebro e da medula.
Quais os sintomas?
Não há como precisar todos, pois eles variam de acordo com a região afetada. Por exemplo, se uma parte responsável pela sensibilidade for atacada, é provável que a pessoa apresente formigamento ou perda de sentidos num determinado local do corpo. Mas, segundo Rafael Watanabe, neurologista do Hospital Samaritano, em São Paulo, é possível listar alguns dos sinais mais comuns – lembrando mais uma vez que nem sempre quem tem a doença apresentará todos eles:
✔ Fraqueza
✔ Dormência em um dos lados do corpo
✔ Desequilíbrio
✔ Visão embaçada ou duplicada
✔ Incontinência urinária
✔ Intolerância ao calor
Às vezes, o diagnóstico é demorado porque quando a pessoa tem problemas de visão procura logo um oculista, quando o problema é de equilíbrio, marca uma consulta com um ortopedista… E assim por diante, até ser encaminhada para o neurologista. “Algo que pode ajudar a descobrir a esclerose é a durabilidade dos sintomas”, explica o especialista. Muitas vezes, durante os surtos inflamatórios, eles podem durar dias ou até mesmo semanas. Nesses casos, vale a pena procurar um médico logo. Até porque, depois do surto, é comum haver um período em que os sinais desaparecem por completo antes de voltarem novamente.
Como é feito o diagnóstico?
Após conversar com o paciente e fazer um teste clínico, o neurologista normalmente pede uma ressonância magnética e um exame que retira um pouco do líquido que banha o sistema nervoso, chamado de líquor. Somente após os resultados é que o médico consegue dizer se há lesões ou inflamações no sistema nervoso.
E o tratamento?
Notícia boa: o tratamento está totalmente disponível pelo SUS. Normalmente, o paciente recebe medicações subcutâneas ou intramusculares, ou seja, injetáveis. “Apesar de não ter cura, diversos recursos estão disponíveis para reverter os sintomas e evitar novos surtos”, diz Adriana Moro, neurologista do Hospital Santa Cruz, de Curitiba.
Qualquer um tem chances de desenvolver essa doença?
Muita gente associa “esclerose” à terceira idade, mas isso é um erro. A maioria das pessoas que descobre sofrer desse mal tem entre 20 e 30 anos. Além disso, não se sabe muito bem por que ele atinge mais as mulheres: a cada três pessoas que recebem o diagnóstico, duas são do sexo feminino.
Na vida real
Em 2006, a atriz Cláudia Rodrigues, que hoje está com 44 anos, declarou ter a doença. Ela precisou se afastar do trabalho, pois passou a ter dificuldade para decorar os textos e a se desequilibrar com frequência. Em junho deste ano, a atriz foi internada por causa de um surto, deixando o público bem apreensivo. Atualmente, ela continua se tratando. Em entrevista recente, Cláudia revelou que recebeu o convite de algumas emissoras para voltar com tudo em 2016. Oba, vamos torcer!