Yasmin Brunet contou no ‘Encontro’, na quarta-feira (24), sobre o diagnóstico de lipedema. A modelo descobriu a doença pouco antes de entrar no BBB 24 e revelou ter lidado com pioras durante o período em que esteve confinada. “Sentia muita dor, desconforto e pressão”, disse. Mas, afinal, o que é lipedema?
Apesar de não ser muito conhecido, a síndrome afeta cerca de 10% das mulheres no mundo, segundo o Instituto Lipedema Brasil. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, explica o que é lipedema: uma condição genética caracterizada pelo acúmulo de tecido gorduroso com aumento desproporcional no tamanho dos membros, principalmente nas coxas, culotes, quadris e pernas.
Existe ainda uma forte correlação entre distúrbios hormonais e o avanço da doença. “Por isso, observamos picos de piora e manifestação da doença em períodos hormonais: puberdade, uso de anticoncepcionais, gestação e menopausa”, diz a médica à AnaMaria.
“Frequentemente, a paciente com lipedema passa a vida como uma ‘falsa magra’, isto é, magra da cintura para cima, mas com pernas grossas. Muitas vezes, esse padrão físico é apontado como genético, uma vez que o lipedema realmente pode afetar várias mulheres da mesma família, então não pensa que pode ser um problema”, explica.
O lipedema só foi padronizado como doença em 2022. Ou seja, de acordo com Aline, a própria comunidade médica ainda está tomando consciência sobre o que é lipedema se capacitando para o tratamento. Essa falta de conscientização e a confusão com outros problemas, como a obesidade e a celulite, atrasa o diagnóstico e o tratamento com consequente evolução no quadro.
COMO SABER SE TENHO LIPEDEMA?
Apesar do atraso no diagnóstico, alguns sinais podem ajudar a identificar o lipedema. Veja a seguir:
1. Acúmulo de gordura desproporcional: o lipedema é uma doença caracterizada pelo acúmulo de tecido gorduroso com aumento desproporcional no tamanho dos membros. Além disso, o lipedema é sempre simétrico.
Aline ressalta que pessoas com sobrepeso devem ficar especialmente atentas, visto que pode ser difícil notar o aumento do tamanho dos membros inferiores.
2. Gordura difícil de ser eliminada: é comum que o lipedema seja confundido com obesidade. “O grande problema é que a gordura do lipedema é doente, e frequentemente, não reduz somente com hábitos básicos como dietas e prática de atividade física. Esse deve ser outro sinal de alerta para buscar ajuda profissional”, aconselha.
3. Dor e sensibilidade ao toque: este é um dos principais sinais do lipedema. Além da dor, há ainda o aumento da frequência de hematomas espontâneos e maior tendência ao acúmulo de líquidos.
4. Presença de nódulos: o lipedema pode causar nódulos visíveis na pele, dando um aspecto semelhante à celulite. Por isso, vale prestar atenção à evolução destes nódulos. “Se eles crescerem, o tamanho das pernas aumentar e a pele começar a dobrar, como se fosse flácida, provavelmente trata-se de lipedema”, detalha a especialista.
O LIPEDEMA TEM TRATAMENTO?
Ainda que seja uma doença crônica, isto é, sem cura, o lipedema pode ser controlado – desde que seja diagnosticado corretamente. Ao contrário do senso comum de que o melhor tratamento é a cirurgia de lipoaspiração, existem outras maneiras de controlá-lo.
“A lipoaspiração como solução para o lipedema é simplista. Não basta apenas retirar essa gordura, pois não se trata simplesmente de um acúmulo de gordura qualquer. O lipedema é uma doença sistêmica, então somente fazer uma lipoaspiração não resolve”, diz Aline.
Em casos iniciais, somente o tratamento clínico pode ser suficiente para controlar a doença. Quando isso não acontece, a lipoaspiração pode ser indicada, assim como nos casos mais graves da doença, em que há limitação do movimento. Vale ressaltar que, se a cirurgia for indicada incorretamente e não estiver associada, antes e depois, ao tratamento clínico, a gordura retornará após algum tempo. Ou seja, o tratamento terá sido ineficaz.
O bom tratamento de lipedema começa na busca por bons profissionais, como cirurgião vascular, endocrinologista, nutricionista, fisioterapeuta e, eventualmente, ortopedistas e cirurgiões plásticos.
Além disso, vale adotar mudanças no estilo de vida, com uma alimentação anti-inflamatória e a prática regular de atividade física para evitar a evolução do quadro. “Mas outras medidas devem ser adotadas, como uso de meias de compressão e medicamentos e realização de sessões de fisioterapias e tratamentos vasculares”, indica a médica.
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