As grandes temperaturas chamaram a atenção em diversas regiões do Brasil nas últimas semanas. Dentro da onda de calor de 2020, de acordo com o Climatempo, a maior temperatura foi de 44,6°C em Água Clara (MS) e em Nova Maringá (MT), ambos registros de 5 de outubro deste ano. Estas foram, até o momento, a segunda maior temperatura já vista no Brasil, perdendo apenas para os 44,7°C de Bom Jesus (PI), em 21 de novembro de 2005.
Com tanto calor, é importante perceber quando aquela moleza e indisposição típicas são um sinal de que o corpo está ficando desidratado. Tais sintomas precisam ser vistos com bastante atenção especialmente quando falamos de pessoas na 3ª idade, que já têm maior predisposição física para sofrerem com o problema.
O geriatra Natan Chehter, que atua no Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo (SP), explica que os dias quentes causam vasodilatação no corpo, uma espécie de mecanismo corporal que o ajuda a lidar com o calor. O resultado disso? A nossa velha conhecida transpiração. “Caso a pessoa não consuma líquidos nesse meio tempo, e dependendo da temperatura, pode acabar ficando desidratada”, conta.
E é aí que devemos ficar de olho nas pessoas mais velhas, pois esses fatores acabam sendo bastante presentes nesta faixa etária. “A principal questão é que o mecanismo de sede deles não é igual ao do jovem, fazendo com que sintam menos necessidade de beber água, aumentando a desidratação”, ressalta o médico.
Além disso, a pessoa da 3ª idade que sofre de pressão alta também precisa ficar ainda mais atenta nos dias quentes. Isso porque o calor faz com que o corpo dilate os vasos gerando a hipotensão (queda da pressão). “Mas se ele é hipertenso e normalmente toma medicação para abaixar a pressão, pode acontecer dela cair demais, levando a um desmaio, por exemplo”, explica o médico.
E O QUE CONSUMIR?
Em relação aos alimentos e bebidas que podem auxiliar na hidratação corporal, Chehter ressalta que a água é a melhor opção, sempre. Tudo porque outras bebidas podem conter açúcar e sais minerais que, dependendo do quadro do paciente, podem causar problemas.
O mesmo se aplica aos alimentos. Algumas frutas, como melão, até contêm bastante água, contudo também levam uma grande quantidade de frutose -o açúcar das frutas- em sua composição, podendo ser prejudicial para um diabético, por exemplo. “De forma geral, o ideal é sempre entender a composição do que se está consumido e evitar alimentos e bebidas industrializados”, diz.
SINAIS DA DESIDRATAÇÃO
Fique atento a alguns dos principais de alerta para desidratação:
- Boca seca e pegajosa;
- Sonolência ou cansaço;
- Sede;
- Diminuição da produção de urina;
- Pele seca;
- Dor de cabeça;
- Confusão mental, agitação ou dificuldade de locomoção (especialmente no caso dos idosos).
O QUE FAZER?
Caso a pessoa esteja consciente, ofereça água para ela e cuide para que ocorra essa hidratação. “Mas em casos específicos, especialmente quando há dificuldade ou perda de consciência, é preciso levá-la diretamente a um hospital, para que o procedimento seja feito diretamente pela veia”, alerta o geriatra.
No entanto, o médico ressalta a importância de analisar cada caso, uma vez que a avaliação e o tratamento de cada pessoa é algo bastante individual.
QUANTIDADE DE ÁGUA
Tendo em vista que a melhor forma de hidratar o corpo é tomando água, a pergunta que fica é: quantos litros são necessários tomar por dia? Depende. O ideal é ingerir de 1 a 2 L a cada 24 horas, mas não existe um número mágico.
“Têm pessoas que conseguem, e sentem a necessidade, de tomar mais do que isso. Mas é uma questão muito individual, pois se a pessoa tiver problemas renais, por exemplo, pode ser ruim esse tanto de água”, explica.
BEBIDA ALCÓOLICA
O geriatra aponta ainda que bebidas alcoólicas podem causar mais desidratação, uma vez que o álcool força o corpo a agir de forma contrária ao que deveria, aumentando a perda de líquidos.
“Esse tipo de bebida desregula o hormônio antidiurético. Isso significa que, se a pessoa já está desidratada, o corpo vai fazer que ela urine e desidrate ainda mais. Ou seja, o álcool age de maneira contrária a isso e não é o recomendado”, explica.
EXERCÍCIOS FÍSICOS
Se você já faz o tipo esportista, pode continuar fazendo seus exercícios físicos, desde que mantenha uma hidratação corporal adequada. “Geralmente essa pessoa já sabe de suas necessidades e a quantidade de líquido que deve ingerir para repor a perda, não sendo um problema se exercitar no calor”, diz o geriatra.
Mas a regra não se aplica aos sedentários. Neste caso, fazer exercício debaixo de altas temperaturas não é recomendado, pois pode gerar maior desconforto e perda de água. Aqui, o melhor é evitar e aproveitar para descansar na sombra, saboreando um belo copo d’água, certo?