A aprovação da vacina contra a dengue de dose única pelo Instituto Butantan representa um marco histórico para a saúde pública brasileira. Embora o país já conviva há anos com epidemias recorrentes, essa novidade chega com uma proposta mais prática: ampliar a proteção de forma mais rápida e acessível. Como o imunizante exige apenas uma aplicação, ele facilita a logística dos municípios e aumenta a chance de adesão — algo essencial em períodos de alta transmissão.
A autorização divulgada pela Anvisa oficializa o fim do processo regulatório e abre caminho para a produção e distribuição integral pelo Sistema Único de Saúde. Segundo o Butantan, já existem 1 milhão de doses prontas, e a estimativa é expandir esse número gradualmente até 2027.
Produção, público-alvo e projeções do SUS
De acordo com o Instituto Butantan, a vacina protege contra os quatro sorotipos do vírus e será destinada a pessoas de 12 a 59 anos. O Ministério da Saúde prevê incluir o imunizante no Programa Nacional de Imunizações (PNI) em janeiro do próximo ano.
Para garantir a oferta contínua, o instituto firmou parceria com a empresa chinesa WuXi, o que amplia a capacidade de produção em médio prazo. A meta é alcançar 25 milhões de doses até o segundo semestre de 2026 e mais 35 milhões em 2027. Esse avanço pode fortalecer o enfrentamento das epidemias, especialmente porque o Brasil vive um cenário de crescimento significativo de casos.

Eficácia da Butantan-DV e comparação com vacinas anteriores
Os estudos clínicos revelam índices animadores. A eficácia geral chega a 74,7%, enquanto a proteção contra casos graves ou com sinais de alerta alcança 91,6%. Outro dado relevante aponta 100% de proteção contra hospitalizações — fator decisivo para reduzir superlotação das redes de saúde. Nos ensaios de fase 2, o imunizante apresentou eficácia de 79,6%, e na fase 3, manteve proteção prolongada por até cinco anos.
Apesar do avanço, o Ministério da Saúde reforça que a nova vacina não substitui a Qdenga, produzida pela farmacêutica Takeda. Como o imunizante japonês é fabricado fora do país e exige duas doses, sua distribuição permanece concentrada na faixa de 10 a 14 anos, grupo que registra alto número de hospitalizações. O contrato atual prevê o envio de 18 milhões de doses ao SUS.
O que esperar da distribuição?
O crescimento expressivo dos casos de dengue pressiona autoridades sanitárias desde 2023. Apenas em 2024, o Brasil registrou 6,56 milhões de casos prováveis e 6.321 mortes, um número quatro vezes superior ao do ano anterior. Em 2025, o país já contabiliza 1,63 milhão de casos prováveis e 1.730 mortes, com São Paulo concentrando mais da metade das infecções.
Diante desse cenário, especialistas do SUS ainda vão definir o público prioritário. A decisão será divulgada após a análise final do comitê técnico, responsável por orientar a oferta da Butantan-DV no PNI. Só então o Brasil confirmará quem receberá a primeira campanha com a nova vacina — informação mais aguardada pelas famílias e que fecha este capítulo decisivo no combate à dengue.
Resumo: A nova vacina do Butantan é a primeira contra a dengue em dose única aprovada pela Anvisa. O imunizante será distribuído pelo SUS e tem alta eficácia contra casos graves. A produção será ampliada a partir de parcerias internacionais e deve crescer até 2027. A definição de quem receberá a vacina será anunciada pelo PNI nos próximos meses.
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