Hoje, para assinar os planos básicos das principais plataformas, o gasto total ultrapassaria R$ 200 mensais — o que justifica a rotação de streamings
Marina Borges Publicado em 12/11/2024, às 16h30
Assinar e cancelar serviços de streaming tem se tornado uma prática comum entre os brasileiros, conhecida como rotação de streamings. Devido aos aumentos recentes e restrições, como taxas para compartilhamento de telas, manter uma assinatura fixa de todos os serviços ao mesmo tempo pode custar caro. Atualmente, para alguém assinar os principais streamings disponíveis no Brasil — Netflix, Disney+, Prime Video, Max, Apple TV, Paramount+ e Globoplay — o gasto total com planos básicos ultrapassaria R$ 200 mensais.
O cenário desafiador no bolso dos consumidores está promovendo uma mudança no comportamento: ao invés de permanecer com várias assinaturas ativas, muitos têm optado por assinar apenas quando há um conteúdo de destaque ou uma nova temporada de uma série preferida, e cancelar logo em seguida. Esta rotação de assinaturas reflete o aumento expressivo nos preços e o crescente controle financeiro dos usuários.
A popularização da rotação de streamings acompanha a alta nos preços das plataformas, que em 2023 e 2024 passaram por reajustes significativos. No caso da Netflix, por exemplo, os preços subiram entre 7% e 12% nos últimos meses, com o plano Premium chegando a R$ 59,90 por mês. A Disney+, que integrou o Star+ ao catálogo, viu o custo de seu plano padrão subir em quase 30%, de R$ 33,90 para R$ 43,90 mensais.
Outro exemplo é o Max, que substituiu o HBO Max com novas tarifas: a assinatura básica passou de um valor promocional de R$ 17,45 para R$ 29,90, alta de aproximadamente 71%. Esses aumentos têm impactado o orçamento de quem consome entretenimento em vídeo, incentivando os usuários a buscar estratégias alternativas para manter o acesso ao conteúdo desejado sem sobrecarregar as finanças.
Além da necessidade de viabilizar produções de alto custo, as plataformas enfrentam desafios com o compartilhamento de contas, o que levou a Netflix, por exemplo, a cobrar uma taxa extra para cada usuário adicional. As medidas refletem uma tentativa das plataformas de garantir maior retorno financeiro com os planos, mas acabam afetando os hábitos dos consumidores, que buscam contornar os custos elevados.
Como resultado, a prática da rotação de streamings ganha força, permitindo aos usuários reduzir custos ao se inscreverem e cancelarem os serviços com base na programação de conteúdo. Essa dinâmica de “liga e desliga” permite ao usuário adaptar suas assinaturas ao lançamento de novos conteúdos e, assim, aproveitar séries e eventos específicos sem o compromisso de pagamentos contínuos.
O aumento na rotação de streamings traz consequências diretas para as empresas do setor. Algumas plataformas, como Paramount+ e Max, notaram maior incidência de assinaturas temporárias, principalmente em épocas de lançamento de títulos populares ou eventos esportivos. Este tipo de comportamento reforça a importância de entender as preferências dos usuários e os ciclos de consumo de conteúdo.
Para lidar com a tendência, as plataformas têm explorado métodos de retenção e reativação, como promoções direcionadas e o envio de lembretes personalizados. Assim, ao identificar períodos de maior demanda, como o lançamento de uma nova temporada de uma série popular, o marketing das empresas pode maximizar o potencial de re-assinaturas com custos reduzidos.
A rotação de streamings reflete um novo hábito dos consumidores, que priorizam flexibilidade e controle sobre as finanças pessoais. Diante do aumento nos preços, assinar e cancelar serviços de acordo com o interesse momentâneo se tornou uma prática comum e vantajosa para muitos. Esse comportamento também influencia diretamente as estratégias de retenção das plataformas, que buscam se adaptar para garantir a lealdade dos clientes e evitar uma dependência excessiva de assinantes temporários.
Para o consumidor, a rotação permite aproveitar o melhor do conteúdo sem comprometer o orçamento mensal. Esse modelo cíclico pode representar o futuro do consumo de entretenimento por assinatura, onde a fidelidade dá lugar à liberdade de escolha.
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