Time de especialistas destacam as formas de manipulação mais comuns no dia a dia. - Foto: TV Globo
O VILÃO DE 'MANIA DE VOCÊ'

Assim como Mavi? 7 tipos de manipulação sutis que você pode estar ignorando

A beleza e o charme de Mavi (Chay Suede) em 'Mania de Você' escondem outro traço marcante do vilão: a manipulação, também comum na vida real

Guilherme Giagio Publicado em 29/10/2024, às 14h00

Mavi, de 'Mania de Você', é o grande vilão da novela de João Emanuel Carneiro. O personagem chama atenção pelo charme e a beleza, mas também é debochado, sarcástico e um mestre na manipulação. Até por isso, engana tão bem os adversários do enredo e arrasa alguns corações por onde passa.

E a atuação de Chay Suede não passa por cima só dos rivais, como também dos telespectadores. É que, embora seja o antagonista, ele também é o mais querido entre o público, segundo o jornal O Globo. Pelo menos segundo a avaliação feita pelo grupo de discussão da emissora.

Ao mesmo tempo, Mavi também ensina lições valiosas à audiência, principalmente quando o assunto é a manipulação. Um estudo publicado no Behavior Research Methods mostra como as pessoas podem ser vulneráveis a manipulações, especialmente em contextos sociais e digitais, e raramente percebem que estão sendo influenciadas ou controladas.

As principais formas de manipulação - não só de Mavi

O psiquiatra Adiel Rios, mestre pela UNIFESP, membro titular da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), e da Comissão de Psiquiatria Intervencionista da ABP, explica que o uso da culpa, da insegurança e da vitimização estão entre as formas de manipulação mais comuns.

“Manipuladores exploram emoções primárias como medo, raiva ou compaixão, principalmente entre pessoas mais empáticas ou inseguras”, explica o pesquisador do Laboratório Interdisciplinar de Neurociências Clínicas da UNIFESP.

O especialista reforça que reconhecer essas estratégias é o primeiro passo para se proteger de manipuladores. A seguir, confira 7 tipos de manipulação sutis que você pode estar ignorando:

1. Provocar sentimento de culpa:

"Quando somos julgados por algo que não deveríamos carregar, caímos na armadilha da culpa", explica Deborah Klajnman, mestre e doutora em Psicanálise pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). 

Para ela, a manobra faz com que a vítima aja em benefício dos manipuladores: "Acreditando que, ao ceder, estamos aliviando o desconforto emocional”, acrescenta a pós-doutoranda em Psicologia pela USP e especialista em Clínica Psicanalítica pelo Instituto de Psiquiatria da UFRJ.

Para Maico Costa, mestre e doutor em Psicologia e Sociedade pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), e pós-doutor em Psicologia pela USP; a culpa leva a pessoa a tentar corrigir situações fora de seu controle, criando um ciclo de autojulgamento e dependência emocional. “Manipuladores aproveitam essa vulnerabilidade, fazendo a vítima se sentir sempre em dívida e em busca de validação”, completa o professor do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein.

2. Aproveitar-se da insegurança:

As vulnerabilidades podem se tornar um terreno fértil para a manipulação: “O manipulador utiliza críticas, sarcasmo ou desqualificações para explorar a insegurança da vítima, fazendo-a duvidar de si mesma e tornando-a mais vulnerável ao seu controle”, reforça Klajnman, também pesquisadora da USP e professora da Faculdade Sírio-Libanês.

3. Vitimizar-se por compaixão:

O papel de vítima e narrativas de sofrimento ou fraqueza são utilizados para atrair a compaixão. Essa postura é uma ferramenta eficaz de manipulação, pois apela diretamente para a empatia, segundo Adiel Rios: “Esse comportamento pode refletir dificuldades em lidar com o próprio sofrimento e um desejo de transferir a responsabilidade emocional, sendo, às vezes, uma tática inconsciente ou deliberada para obter atenção e controle”, complementa o psiquiatra.

4. Elogiar por interesse próprio:

A bajulação pode ser usada como uma estratégia para enfraquecer as defesas da vítima, tornando-a mais vulnerável à manipulação. “O indivíduo usa essa técnica para ganhar confiança. Sem que o alvo perceba a verdadeira intenção por trás dos elogios, ele acaba cedendo, porque sente que deve retribuir o ‘carinho’”, diz Maico Costa.

5. Isolamento:

O manipulador busca afastar a pessoa de suas redes de apoio de maneira sutil, fazendo-a sentir-se dependente dele para orientação e suporte emocional. “Com o tempo, a pessoa isolada perde o senso crítico e se torna mais suscetível a acreditar nas narrativas do manipulador, aceitando-as sem muita resistência”, conta Klajnman.

6. Gerar discórdia para ganhar controle:

Os manipuladores podem criar conflitos em situações comuns. Os tumultos fazem com que os outros sintam que precisam pisar em "ovos" para evitar novos confrontos. Esse comportamento confere poder e controle, pois quem está ao redor acaba cedendo na tentativa de manter a paz e evitar mais tensões.

“Esse tipo de manipulação é eficaz porque provoca um ciclo de ansiedade nas pessoas que convivem com o manipulador, cuja tensão assegura esforços contínuos para agradá-lo ou evitar confrontos. Esse cenário reforça seu poder sobre elas”, relata Adiel Rios.

7. Fingir ignorância:

Há manipuladores que fingem ignorância ou inaptidão para evitar responsabilidades. Ao se fazerem de desentendidos ou incapazes, as tarefas complexas sobram para outras pessoas, mantendo-se distantes dos resultados e isentos das possíveis consequências.

“Esse comportamento pode se manifestar em pessoas que têm um medo intenso de serem responsabilizadas por falhas ou resultados negativos. Ao fingirem ignorância, conseguem manipular as expectativas das vítimas, exercendo um controle indireto", conclui Maico Costa.

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