Dia Nacional de Educação de Surdos é celebrado neste domingo (23); influenciador digital conta sua história
Natália Tavares Publicado em 23/04/2023, às 19h00
Em uma sociedade voltada para aqueles que têm audição, Alex Júnior, uma pessoa surda oralizada - ou seja, que consegue se comunicar por meio da fala - conseguiu se destacar. Após ter gravado um vídeo que viralizou no Tik Tok em 2020, em que falava sobre si, da sua surdez e de como consegue viver em um mundo para ouvintes mesmo não fazendo parte, ele ganhou muitos seguidores e resolveu que queria fazer mais daquilo para poder ajudar o máximo possível de indivíduos.
“Eu pude ver os comentários de que não estava sozinho e esse sentimento me encorajou a continuar gravando vídeo, para que pessoas que se sentem diferentes como eu também se vejam capazes não apenas de vencer o mundo, mas de vencer a si mesmas”, relembra o influenciador em entrevista à AnaMaria Digital.
Depois, ele decidiu que queria dar um passo a mais e se tornou palestrante. “A melhor maneira das pessoas acreditarem em mim é colocar a minha própria pele em risco, ou seja, mostrar a minha vulnerabilidade e a fraqueza que muitos acham que tenho por conta da minha surdez e da minha voz. Decidi, então, pegar o microfone e ensinar as pessoas a ouvirem sobre a vida que demanda um passo de coragem”, reflete.
Em 2022, ele mergulhou em um processo terapêutico que acabou resultando no livro ‘Olhos que escutam’, publicado pela Editora Serena. “A ideia surgiu através do meu pai, o Dr. Alex Alves, com o intuito de fazer uma terapia e extrair todas as minhas memórias negativas para dentro do livro, na tentativa de poder organizar todo o acontecimento que me foi destinado e dar uma ressignificação, enfatizando o próprio desenvolvimento pessoal”, detalha.
No livro, que se trata de uma obra autobiográfica, Alex resgata memórias difíceis da época da escola, em que sofria a violência do bullying devido ao uso de aparelho auditivo e pelo seu jeito diferente de falar. Apesar de ter sido diagnosticado com deficiência auditiva bilateral com 1 ano de vida, o influenciador digital consegue compreender a mensagem falada pelo outro a partir da leitura labial.
“Aprendi a ler os lábios aos três anos, com a ajuda de uma fonoaudióloga em que ia duas vezes por semana, além da incessante ajuda da minha mãe todos os dias, em casa”, conta. No entanto, apesar de conseguir se comunicar através da fala, Alex tem plena consciência do tanto que a sociedade ainda precisa melhorar para incluir pessoas que tenham algum grau de surdez.
“Enquanto existir a audição em todos os lugares como ferramenta de comunicação e atenção às informações, é preciso incluir como opção a visão, já que eu e os surdos não ouvimos, mas lemos e isso ajudaria na criação da própria autonomia”, pontua, antes de complementar: “Quem não ouve se torna dependente dos que possuem a garantia de ouvir sem ter a sua própria autonomia de resolver as situações rotineiras da vida”.
O Dia Nacional de Educação de Surdos, celebrado neste domingo, 23 de abril, serve como uma grande oportunidade para refletir sobre os desafios e preconceitos enfrentados por pessoas como o Alex, além de combater o capacitismo. O influenciador ressalta que qualquer um pode entrar nessa luta: “Seja disseminando informações qualitativas, combatendo a ignorância e/ou adquirindo conhecimento sobre as necessidades do ser humano, que não são as mesmas, mas diferentes para cada um de nós”.
Nesse sentido, ele crê que sua autobiografia também pode ajudar na sensibilização das pessoas, conscientizando sobre a diversidade da surdez. “Quero que meu livro sirva de inspiração para aqueles que são considerados diferentes, que convivem com o diferente e que lidam com a diferença diariamente. A ideia é construir pontes e diminuir a distância entre os seres humanos, ajudando a livrar das amarras criadas pelas suas crenças limitantes”, conclui.
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