Cultura da dieta: saiba como fazer as pazes com a alimentação

Se você tem o hábito de usar as redes sociais, certamente já se deparou com uma receita fitness de baixas calorias rolando pelo feed. Também é comum ver blogueiras compartilhando detalhadamente o que comem durante o dia — incluindo o consumo diário de nutrientes ideal para conquistar o shape do momento. O fato é que a cultura das dietas está presente nas redes sociais, e apesar de parecer conveniente seguir tantas dicas valiosas, reproduzir à risca a dieta das blogueiras pode culminar em uma armadilha perigosa. 

Os padrões de beleza mudam conforme a cultura. Em entrevista à AnaMaria, Mirian Lopes, nutricionista do Emagrecentro, ressalta como a cultura das dietas tem grande influência para o desejo das pessoas de alcançarem o corpo definido como padrão pela sociedade.

“A onda de mudanças vai transformando a necessidade do momento de ter um corpo mais volumoso ou mais esbelto. Isso reforça a ideia de que todos podem alcançar o mesmo corpo padrão. Porém, cada indivíduo tem suas características genéticas, biológicas e particularidades, como a altura e as medidas de cintura e quadril”, descreve Mirian. 

Os perigos da cultura da dieta 

A cultura das dietas impacta diretamente a percepção do conceito de alimentação saudável e nutrição equilibrada. Esse problema afeta principalmente as mulheres, que sentem constantemente a pressão para serem aceitas com o corpo padrão. Mirian explica que alimentação saudável é aquela que atende às necessidades nutricionais da população, mas que também está ligada a outros fatores. O ato de comer abrange mais do que a nutrição do corpo, ele está associado a conceitos sociais, emocionais e culturais.

A alimentação saudável considera variedade, qualidade, preferências e autonomia de cada pessoa. Nesse caso, o nutricionista pode contribuir com a orientação correta de uma alimentação equilibrada, garantindo qualidade alimentar e, consequentemente, contribuindo para os objetivos de cada indivíduo, sempre com foco na saúde.

A determinação para conquistar o corpo perfeito, espelhado em um padrão de beleza inalcançável, traz graves consequências. O controle excessivo da alimentação pode gerar frustração, insatisfação, baixa autoestima, transtornos alimentares, entre outros problemas.

“A pressão social para atingir o corpo perfeito pode levar esse público a ter uma relação complexa e conflituosa, marcada por culpa, autocobrança e vergonha, comprometendo a qualidade de vida, autoaceitação e bem-estar. Desse modo, essa pressão pode impactar negativamente na saúde mental e física, levando ao isolamento, sofrimento, ansiedade e estresse”, alerta Mirian. 

Quando a relação com a comida se transforma

Mirian lista uma série de sinais que indicam que a pessoa desenvolveu uma relação prejudicial com a alimentação e com a expectativa da imagem de seu corpo. Confira a seguir: 

• Seguir uma dieta da moda sem fundamentos científicos ou orientação profissional;

• Obsessão por pesar comida, contar calorias e impor restrições alimentares severas;

• Eliminar algum grupo alimentar sem necessidade e sem orientação profissional;

• Usar medicamentos como laxantes, diuréticos ou anabolizantes sem prescrição médica;

• Praticar exercícios excessivamente para compensar a alimentação ou para gerar um grande gasto calórico;

• Episódios de compulsão alimentar e tentativas de compensação.

Ao observar os comportamentos listados acima, é necessário procurar ajuda profissional, como acompanhamento médico, psicológico e de um nutricionista especializado em transtornos alimentares, para receber orientação, acolhimento e tratamento adequado às necessidades individuais. 

Como fazer as pazes com a alimentação? 

Equilibrar os objetivos estéticos e de saúde é um desafio, considerando os padrões de beleza e a cultura da dieta. Porém, precisamos olhar para novas perspectivas, focando em alcançar um objetivo dentro da individualidade e realidade de cada biótipo. A especialista dá algumas dicas que ajudam na busca deste equilíbrio. 

Em primeiro lugar, é preciso respeitar a própria individualidade e características genéticas e biológicas. Desenvolver uma autoestima saudável é crucial neste processo. É importante considerar não apenas a aparência, mas lembrar da importância do conjunto, como personalidade, habilidades e valores. 

A alimentação balanceada e a prática de exercícios físicos são aliados poderosos na busca pelo equilíbrio, desde que sejam feitos com orientação adequada, respeitando os limites e conforme os objetivos pessoais. 

Se você está focada em cuidar da parte estética, busque informações confiáveis, atualizadas e científicas, sobre assuntos como saúde, nutrição e estética, para realizar os tratamentos de forma segura. Existem profissionais qualificados que podem orientar neste processo. Lembre-se de alinhar o estilo de vida com o objetivo, seja de emagrecimento, ganho de massa magra ou qualidade de vida, para que as escolhas façam sentido para você. 

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