Cancelamento e cyberbullying: como proteger as crianças na internet - Freepik
CRIANÇAS NA INTERNET

Cancelamento e cyberbullying: como proteger as crianças na internet

Veja como defender a inocência de seu filho online: listamos estratégias para proteger as crianças da cultura do cancelamento e do cyberbullying

Beatriz Caroline Men Publicado em 17/07/2024, às 10h00

Na era digital, o cancelamento e o aumento do cyberbullying surgem como questões significativas, especialmente quando se trata de proteger as crianças. 

Por isso, AnaMaria conversou com a psicóloga clínica Marihá Lopes, que oferece percepções sobre a cultura do cancelamento e o cyberbullying, além de orientações sobre como proteger as crianças neste mundo digital em constante evolução. Veja a seguir: 

O que é a cultura do cancelamento e o cyberbullying? 

No mundo online, a percepção de falta de regulação adequada muitas vezes permite que comportamentos de ódio se espalhem sem restrições. É comum observar que perfis individuais ou grupos direcionam críticas intensas e em massa contra os alvos escolhidos, criando um verdadeiro "mar de críticas".

Segundo Marihá, a cultura do cancelamento é um fenômeno amplamente presente nas redes sociais. Ele se concentra em boicotar, atacar e virtualmente banir pessoas, empresas e eventos que adotam comportamentos, ideais ou opiniões considerados inadequadas pela maioria.

Este fenômeno não se restringe ao ambiente virtual; suas consequências são tangíveis e profundas. Indivíduos alvo do cancelamento frequentemente sofrem crises de ansiedade e, em casos mais graves, podem desenvolver quadros de depressão.

"Para os mais jovens, que por natureza, é mais difícil de separar internamente o mundo real do mundo virtual, esses ataques vêm numa proporção de consequência ainda mais dramática, incluindo tentativas de suicídio", aponta a especialista. 

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O cyberbullying causa problemas psicológicos e físicos nas vítimas - Freepik

Como o cyberbullying começa? 

Segundo a UNICEF, uma em cada 30 crianças e adolescentes em 30 países já foram vítimas de violência online, com as redes sociais sendo o espaço virtual mais frequentemente associado a esses casos. Esse tipo de ataque começa geralmente de maneira sutil e escalona rapidamente. Inicialmente, podem surgir comentários negativos em postagens ou fotos, seguidos por mensagens diretas ofensivas que incluem ameaças e humilhações.

Os agressores muitas vezes compartilham informações pessoais da vítima, criam perfis falsos para disseminar conteúdos ofensivos ou embaraçosos e frequentemente espalham boatos ou mentiras com o intuito de danificar a reputação da pessoa. 

Esse ciclo de violência online não apenas afeta o bem-estar emocional e psicológico das vítimas, mas pode ter consequências graves para sua vida cotidiana, social e acadêmica. A disseminação rápida e viral dessas ações através das plataformas digitais intensifica o impacto negativo sobre os jovens, destacando a necessidade urgente de medidas eficazes para proteger as crianças e adolescentes contra o cyberbullying e outras formas de abuso online.

"Mudanças comportamentais são um dos sinais mais comuns nesse tipo de situação, o jovem começa a se isolar socialmente, evita atividades que antes gostava, além da mudança do humor, como tristeza, irritabilidade e ansiedade", explica Marihá. 

No ambiente virtual, a sensação de anonimato pode ser um catalisador significativo para o aumento da frequência e intensidade do bullying. A pessoa por trás da tela muitas vezes se sente protegida pelo véu do anonimato, o que reduz inibições e aumenta a disposição para agir de maneira hostil ou agressiva. Esta falta de identificação pessoal permite que o bullying ocorra a qualquer hora e em qualquer lugar, sem barreiras geográficas, intensificando seu impacto sobre a vítima.

Além disso, o conteúdo ofensivo pode ser compartilhado rapidamente e alcançar uma audiência ampla e diversificada. Uma vez que algo é publicado online, é difícil controlar sua disseminação e removê-lo completamente, o que complica ainda mais os esforços para combater o alcance do que foi dito.

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Atenção às crianças na internet!

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Abordar o tema do bullying virtual com crianças e adolescentes é essencial para garantir a prevenção e intervenção eficazes contra essa forma de violência. Ao educar jovens sobre os riscos e consequências do cyberbullying, podemos capacitá-los a reconhecer comportamentos prejudiciais e a buscar ajuda quando necessário.

"Para os pais, manter uma comunicação aberta, constante e ativa faz muita diferença para quando o filho passa a ter algum problema e ele sabe que o ambiente familiar será acolhedor e sem julgamento, assim é possível até trazer o tema, explicar o que é, orientar em como se proteger online, aproveitar sempre as pautas quando houver situações expostas na mídia ou na escola", aponta a especialista. 

Ensinar sobre o bullying virtual não se limita apenas a identificar situações de agressão online, mas envolve promover uma cultura de respeito e empatia nas interações digitais.

É verdade que monitorar as atividades dos filhos online pode ser desafiador e exigir tempo significativo dos pais. No entanto, essa supervisão constante é crucial. Os jovens precisam não apenas ser orientados sobre os potenciais perigos do mundo digital, como também entender que existem regras e legislações que regem o comportamento online.

É essencial que os jovens compreendam que suas ações online têm consequências legais, e que infringir essas normas pode resultar em punições severas. Apesar de nem sempre vermos os desdobramentos públicos dessas punições, todos os dias indivíduos são responsabilizados por seus crimes virtuais por investigações e processos judiciais.

"Acompanhamento psicoterapêutico com um psicólogo é muito importante para quem foi vítima, pois haverá a necessidade de trabalhar maneiras de lidar com o enfrentamento da situação, criar estratégias para que o jovem volte às suas atividades cotidianas e trabalhar a resiliência", completa ela. 

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