Saiba o que é o burnon, condição relacionada ao trabalho - Unsplash/Danie Franco
Adoecimento no trabalho

O que é o burnon? Termo relacionado ao trabalho é oposto do burnout

Ao contrário do burnout, no burnon as pessoas adoecem por não conseguirem deixar alta produção; entenda as diferenças e como reconhecer os sintomas

Gabriela Occhipinti Publicado em 09/07/2024, às 10h00

A sobrecarga de trabalho hoje tem diagnóstico e pode ser identificado como burnout. Essa síndrome já é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença do trabalho. Mas há outras formas de adoecimento entre elas o burnon. Saiba o que ele é e como identificar os sintomas!

Esse novo termo que está sendo utilizado, principalmente, por alguns pesquisadores alemães é o oposto do que ocorre na síndrome de burnout. Isso porque, em vez de colapsarem devido as rotinas profissionais, as pessoas com burnon continuam presas em suas "rodas de hamster", o que pode causar uma série de problemas de saúde.

As duas questões se relacionam não somente por serem associadas ao trabalho. Segundo a psicóloga Elisangela Niná, algumas pessoas estão colocando o burnon como um antecessor ao burnout. Acontece que a alta produção do burnon — que faz a rodinha de hamster girar a todo vapor, como identifica a especialista — já é um sintoma de desgaste.

Mesmo ambas relacionadas a sobrecarga, elas se diferenciam em relação aos efeitos que causam. "Quando a pessoa está no burnout, ela já está pifada, se torna incapaz de produzir e não consegue mais fazer a rodinha de hamster girar", explica a psicóloga.

Burnon X burnout

A alta produtividade relacionada ao burnon pode ser, muitas vezes, tida como uma sinal positivo de comprometimento com o trabalho e, por isso, exige atenção. Essa tensão em produzir muito pode refletir, de acordo com a especialista, em uma desconexão consigo mesma.

Os alertas em relação a saúde mental não param por aí. A ligação intensa com o trabalho também eleva os níveis de estresse, pode desencadear sintomas de ansiedade e outras questões como a insônia. "O corpo já começa a dar sinais de que está se sobrecarregando", afirma Elisangela.

Diferentemente do burnon, no burnout o corpo "pifa", ou seja, não consegue atender as rotinas necessárias, o que provoca, como identifica a especialista, um grande sofrimento por sentir que não consegue atender à demandas básicas de trabalho, provocando também uma sensação de ser impostora para aquele cargo ou função.

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Burnon está relacionado a super produtividade, enquanto o burnout é o esgotamento pelo trabalho - Unsplash/The Jopwell Collection

 

Reconhecendo o burnon

Os momentos estressantes fazem parte das rotinas de trabalho. A pressão por metas, problemas inesperados e horas extras são comuns e é importante entender, como defente a psicóloga, que nosso sistema foi feito para suportar esse estresse. O problema é quando ele acontece causando a sobrecarga.

Para ilustrar essa situação, a especialista faz um paralelo com um caminhão. Se o veículo suporta levar 10 toneladas, essa será a quantidade que ele irá aguentar e então, ultrapassando isso, em algum momento não conseguirá mais cumprir sua função de transporte, por exemplo.

O ser humano funciona, basicamente, na mesma lógica. "A gente foi feito para tolerar estresse, mas tem uma quantidade de tolerância. Se eu sobrecarrego o meu sistema ele vai ceder e começar a pifar, soltando sinais de alerta como insônia, dermatites e problema de cabelo e gástricos", analisa a psicóloga.

Com isso, o corpo vai começar a sinalizar que você está se sobrecarregando e o problema, de acordo com Elisangela, é que as pessoas negligenciam esses sintomas, porque elas estão, no caso do burnon, hiperfocadas para solucionar uma demanda, a serem produtivas, e acabam deixando de lado todo o resto.

É preciso atenção, pois uma pessoa produtivo não tem, necessariamente, burnon - Unsplash/UK Black Tech

 

Atenção e cuidados

É necessário, entretando, ter cuidado para não colocar nesse pacote uma pessoa que realmente gosta de produzir, que está engajada com o trabalho.

Para isso, vale observar, segundo a especialista, se, ao mesmo tempo que cumpre com suas demandas, a trabalhadora consegue não neglicenciar a si mesma, isto é, faz coisas para ela. Por exemplo, pratica esportes, respeita seu sono e tem momentos de lazer.

Elisangela identifica que essa atenção precisa estar presente não só no trabalho, principalmente no caso das mulheres com múltiplas jornadas, já que situações estressantes fazem parte de diversos contextos da vida e cuidar de si é uma forma de garantir que consiguirá cuidar do resto. "Qualquer cenário que você negligencie a si mesma vai dar ruim", destaca ela.

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