Agregar as pessoas para o ato de comer desenvolve a socialização, a partilha e a aprendizagem de regras
*Dra. Renata Aniceto, colunista de AnaMaria Publicado em 02/04/2021, às 14h00
Já notaram como a nossa história é recheada de rituais que envolvem alimentação? Eles marcam épocas, propiciam segurança, definem atitudes, valorizam pessoas e, por isso, as sociedades ritualizam tudo que é importante. Através dos tempos, presenciamos movimentos em que a comida deixa de lado o seu caráter de nutrição e prazer, e passa a ser um elemento para o espiríto.
Muito antes das principais correntes religiosas de hoje se consolidarem (como o cristianismo, o islamismo e o próprio judaísmo), já eram comuns os ritos de oferendas aos deuses, bem como as festas que celebravam as colheitas, fundamentais para aplacar a fome dos povos antigos.
Um grande marco no cristianismo, que temos como exemplo da relação comida e religião, é a Santa Ceia, em que Jesus com seus discípulos divide o pão e o vinho, considerados, após a criação do cristianismo o corpo e sangue de Cristo.
PROCESSO CULTURAL
A simples refeição do dia a dia concentra um ritual que tem seu início na escolha e compra do que preparar. Cozinhar não é apenas a adequação de vegetais e carnes ao uso humano, para torná-las mais saborosas. Trata-se de um processo cultural e aprendido para transformar os produtos da natureza e perpetuar a cultura de um povo e de uma família.
Na cozinha vivenciamos os passos: o cortar, misturar ingredientes, aguardar o tempo de cozimento, montar o prato completa-se com reunir à família ao redor da mesa e promover um momento.
A refeição é o ritual mais visível e comum, sendo que cada sociedade elabora suas normas. Agregar as pessoas para o ato de comer desenvolve a socialização, a partilha e a aprendizagem de regras.
REFORÇAR LAÇOS
É especialmente importante reunir a família em torno da mesa para reforçar os laços de parentesco, trocar experiências, para dividir problemas e criar soluções, enfim, para pertencer... A sensação de pertencimento é o que nos define e ao mesmo tempo individualiza.
Em tempos difíceis de pandemia, em que socializar ficou mais difícil, devemos interiorizar o ritual da reunião e socializar com nosso pequeno núcleo familiar – pai, mãe e, filhos. Não importa se o núcleo da sua casa tem um, dois, três ou mais integrantes... mantenha o ritual: prepare a refeição, coloque a mesa, use a louça mais bonita, agregue um arranjo de flores e lembre-se que não tem a ver com o comer, tem a ver com o sentir.
E lá vem receita fácil e prática para iniciarmos o nosso ritual...
ARROZ DE FORNO VEGETARIANO
Foto: Pixabay
Ingredientes:
Misture o arroz, a cenoura, a abobrinha, o pimentão, o caldo de legumes dissolvido na água, o requeijão, a azeitona e tempere com sal, pimenta e manjericão. Despeje em um refratário médio e cubra com as fatias de tomate. Polvilhe com o queijo e leve ao forno médio, preaquecido, por 20 minutos. Sirva polvilhado com manjericão.
Caldo de legumes caseiro*
Lave bem todos os vegetais. Numa panela, coloque todos os ingredientes e leve em fogo alto. Assim que começar a ferver, abaixe o fogo e deixe cozinhando por meia hora. Depois, desligue o fogo e coe o caldo. Pode congelar em pequenas porções por até 3 meses e utilizar como base em diversas preparações como arroz,risotos e sopas.
CURIOSIDADE: 1 tablete de caldo de legumes pronto contém a quantidade de sódio para o dia inteiro de 1 adulto de 80 Kg
*DRA. RENATA ANICETO (CRM 88006) é médica formada pela Faculdade de Medicina do ABC, pediatria e hematologista pela FMUSP/SP. Aqui em AnaMaria Digital escreve sobre medicina culinária, nutrição afetiva e estilo de vida na Infância. Instagram: @ligadacozinhaafetiva
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