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Dores abdominais: o que, de fato, é a temida apendicite?

Vamos conversar sobre diagnóstico, riscos, sinais e sintomas, tratamentos e cirurgias de emergência de apendicite. Você já passou por essa situação?

Renato Karakhanian, colunista de AnaMaria Digital Publicado em 21/09/2024, às 13h00

As dores abdominais podem ser consideradas uma das principais queixas referidas nos serviços de Pronto Atendimento. As causas variam desde condições simples até urgências/emergências que podem gerar comprometimento e agravos à saúde, como os casos de apendicite aguda.

A apendicite aguda é uma causa importante, ocorrendo cerca de 150 mil casos por ano no Brasil e acometendo 7% da população mundial, sendo o principal motivo de peritonite, uma infecção grave da cavidade abdominal com alto índice de mortalidade. Por isso, a condição causa tanto medo.

O apêndice cecal é uma pequena extensão que existe no intestino grosso; alguns pesquisadores o consideram uma estrutura vestigial (estruturas que perderam a sua utilidade) por não apresentar função no nosso corpo. 

A sua inflamação acontece quando há obstrução da sua estrutura por pequenos fragmentos de fezes ou aumento reacional da parede do órgão, acarretando o crescimento bacteriano e o início dos sintomas. O quadro clínico clássico é caracterizado pela dor na região do umbigo com migração para o lado direito (local onde comumente o apêndice está alojado), associado a náuseas, vômitos e febre baixa.

A realização do diagnóstico, teoricamente, é clínica, ou seja, a história e o exame físico compatível com a condição são suficientes. Contudo, na prática, e com a disponibilidade de recursos como ultrassom e tomografia, solicita-se esses exames de imagem para confirmar o diagnóstico.

O tratamento demanda, obrigatoriamente, um procedimento cirúrgico para retirada do apêndice. A cirurgia é relativamente simples e pode ser realizada de duas maneiras: aberta ou por videolaparoscopia. A cirurgia aberta consiste na incisão da região do órgão com abertura da cavidade abdominal, localização e extração do apêndice inflamado.

A segunda, por vídeo bem menos invasiva, é caracterizada pela realização de três pequenas incisões no abdome; insufla-se a cavidade com gás carbônico por uma delas, e pelas outras duas são inseridas pinças cirúrgicas para a retirada do órgão inflamado. O tempo de internação geralmente é de dois dias, e o processo de cicatrização ocorre em cerca de 30 dias, podendo o paciente ser liberado para realizar suas atividades habituais novamente.

É importante ressaltar que nem sempre os sintomas de apendicite apresentam-se na forma clássica. Muitas vezes, os pacientes podem ter sintomas incomuns e inespecíficos, dependendo da sua condição clínica, que podem mascarar o quadro.  

O diagnóstico tardio pode desdobrar complicações como abscesso e perfuração do órgão, implicando alto risco de infecção generalizada, que pode ocasionar tratamentos prolongados e até mesmo óbito. Portanto, na dúvida, é fundamental a ida a um serviço de saúde nos casos de dores abdominais sem causas aparentes. 

Os médicos e profissionais de saúde, mediante a uma consulta detalhada, podem estratificar os riscos examinando o paciente e registrando informações como: localização, intensidade, duração e características da dor, além da presença de sintomas associados, como diarreia, náuseas e febre. Um atendimento especializado certamente aumenta significativamente as chances de um diagnóstico preciso, evitando situações desagradáveis e complicações. 

 

E você já sofreu com apendicite?

Se cuidem! Até a próxima.

 

 

Referências: 

Yeh B. Evidence-based emergency medicinerational clinical examination abstract. Does this adult patient have appendicitis. Ann Emerg Med. 2008 Sep. 52(3).:301-3

COELHO, JCU. Manual de Clínica Cirúrgica: cirurgia geral e especialidades. EDITORA ATHENEU, 2009.

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