Um homem recebeu uma dose dez vezes maior do que aquela recomendada pelo médico em um hospital de Porto Alegre (RS). A Polícia Civil do Rio Grande do Sul investiga o caso.
Alexandre Moraes de Lara, de 28 anos, está em estado vegetativo no Hospital Humaniza desde outubro de 2021, quando, supostamente, foi medicado com uma dose muito superior à recomendada.
Ele compareceu ao centro de saúde para tratar um problema no coração. O médico recomendou que Alexandre recebesse dois comprimidos de propafenona, mas acabaram lhe dando 20, uma dose 10 vezes maior do que a adequada.
O medicamento que deveria controlar os batimentos cardíacos do rapaz acabou levando-o a ter uma parada cardiorrespiratória. Um médico contratado pela família disse que o estado vegetativo dele tem grande potencial de ser permanente.
A delegada responsável pelo caso, Carla Kuhn, conversou com o g1 e comentou sobre a investigação, que tem um prazo de 30 dias para ser concluída: “Estamos aguardando as sindicâncias que foram instauradas no Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers) e no próprio hospital. Semana que vem serão chamadas para depor a equipe de enfermagem do hospital”.
O diretor-executivo do hospital assinou um prontuário admitindo o erro da equipe médica, que deu 6 mil miligramas do medicamento quando a dose adequada era de 600 miligramas. “A medicação dispensada pela farmácia do hospital era divergente da dosagem registrada no sistema e da prescrição médica”, dizia o documento.
Consultado pelo g1, o médico do Hospital de Clínicas e ex-presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremers) Eduardo Trindade disse que o caso em específico só pode ser analisado por aqueles que tiveram acesso ao paciente e aos procedimentos realizados. No entanto, o que costuma acontecer quando medicamentos indicados para controlar batimentos cardíacos são ingeridos em excesso é um “possível dano cerebral”, pois o cérebro “não recebe oxigênio suficiente”.