Quase todo mundo já percebeu que o apetite muda em momentos de tensão. Para alguns, o estômago fecha; para outros, parece que a vontade de comer aumenta sem controle, especialmente por alimentos ricos em açúcar e gordura.
Mas entender por que isso acontece exige olhar para a forma como o corpo responde ao estresse e como essa reação interfere diretamente no sistema digestivo.
Em situações desafiadoras, o organismo ativa mecanismos de alerta que envolvem diferentes áreas do corpo, principalmente a comunicação entre cérebro e estômago. Essa resposta pode elevar a frequência cardíaca e desencadear a liberação de hormônios como adrenalina e cortisol, substâncias associadas à sobrevivência e à ação imediata.
Quando o estresse diminui o apetite
Em episódios repentinos de irritação ou susto, o corpo responde de forma rápida, priorizando funções essenciais. Um dos efeitos dessa reação é a inibição da ação do nervo vago, responsável por informar ao cérebro se o estômago está cheio ou se é hora de comer. Sem essa comunicação, o apetite tende a diminuir.
Esse comportamento é típico do chamado sistema de fuga, que suspende temporariamente processos considerados menos urgentes, como a digestão. Por isso, em estresses agudos, náuseas e falta de fome são respostas bastante comuns.
Quando o estresse aumenta a fome
A reação muda completamente quando o estresse é constante. Em vez de fechar o apetite, o organismo passa a exigir mais energia. Isso acontece porque a liberação contínua de hormônios aumenta a glicose disponível na corrente sanguínea. Porém, em vez de ser convertida em energia de forma eficiente, essa glicose permanece circulando, o que leva o cérebro a acreditar que ainda falta combustível.
Esse processo estimula a busca por alimentos mais calóricos, sobretudo doces e itens gordurosos. A psicóloga clínica Rajita Sinha resume esse mecanismo explicando que “chamamos isso de ciclo de alimentação antecipada, ou seja, uma coisa leva à outra. É um círculo vicioso, mais difícil de romper porque ficamos presos nele”.
Com o tempo, esse padrão pode favorecer ganho de peso, desregulação metabólica e até impacto no controle da glicemia, fatores que também influenciam o apetite.

Como quebrar o ciclo da fome emocional
Controlar a alimentação em períodos de tensão não é apenas uma questão de força de vontade. Exige estratégias que ajudem a reduzir o estresse de forma global. Psicólogos sugerem procurar ajuda profissional para identificar a origem emocional desse comportamento e, a partir daí, adotar ações práticas.
Atividades físicas são um dos caminhos mais eficazes, pois reduzem o estresse e diminuem o impulso de comer por emoção. Caminhadas, exercícios leves ou mesmo momentos de socialização ajudam a desviar a atenção e estabilizar o humor.
Também é útil evitar manter em casa alimentos ultraprocessados, já que eles costumam ser o primeiro alvo nos episódios de compulsão. Fazer pequenas refeições ao longo do dia, com opções nutritivas, ajuda o corpo a manter níveis estáveis de energia, evitando picos de fome.
Resumo:
O estresse pode tanto reduzir quanto aumentar o apetite, dependendo da intensidade e duração da tensão. No estresse agudo, o corpo suprime a fome, mas no estresse crônico há maior liberação hormonal, que estimula o desejo por alimentos calóricos. Adotar estratégias de bem-estar físico e emocional ajuda a diminuir a fome emocional e a regular o comportamento alimentar.
Matéria original publicada na Bons Fluídos
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