Durante a gestação, o corpo da mulher passa por uma série de transformações hormonais, metabólicas e circulatórias. Para quem tem lipedema,uma condição ainda pouco conhecida, mas cada vez mais diagnosticada, esse período pode representar um verdadeiro desafio. Mas, a alimentação tem papel fundamental tanto para controlar os sintomas quanto para promover qualidade de vida.
O que é o lipedema
O lipedema é uma doença crônica que causa o acúmulo anormal e doloroso de gordura nas pernas, quadris, braços e, em alguns casos, no abdômen. Diferente da obesidade, esse acúmulo não melhora com dieta e exercício físico comuns, pois está relacionado a alterações do tecido adiposo e da microcirculação, e é influenciado por hormônios femininos.
É uma condição quase exclusiva das mulheres e costuma surgir ou piorar em momentos de grande variação hormonal, como a puberdade, gestação e menopausa.
Causas e sintomas
As causas exatas ainda não são totalmente compreendidas, mas há forte componente genético.
Os principais sintomas incluem:
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Aumento simétrico de volume nas pernas (ou braços), mesmo com o corpo magro;
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Dor e sensibilidade ao toque;
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Sensação de peso, queimação ou inchaço constante;
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Surgimento fácil de hematomas;
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Dificuldade para perder gordura localizada nessas regiões.
Por que a gestação pode ser um gatilho?
Durante a gravidez, há um aumento natural de estrógeno e progesterona, hormônios que favorecem a retenção de líquidos e o crescimento do tecido adiposo. Além disso, o fluxo venoso e linfático ficam mais lentos, o que pode piorar a dor e o inchaço típicos do lipedema.
Por isso, muitas mulheres percebem o aparecimento dos primeiros sinais ou a piora do quadro justamente nesse período.
Dieta para lipedema na gestação: O melhor tratamento
Como tratamentos invasivos e medicamentosos são contraindicados na gestação, a alimentação torna-se a principal ferramenta terapêutica.
O objetivo é reduzir inflamação, melhorar a circulação, controlar o ganho de peso e diminuir o desconforto.
Alguns pilares da dieta para lipedema na gestação incluem:
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Dieta anti-inflamatória: rica em frutas, verduras, legumes, peixes e azeite de oliva.
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Reduzir alimentos ultraprocessados, ricos em açúcares, gorduras hidrogenadas e aditivos químicos.
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Evitar excesso de sal, que aumenta a retenção de líquidos.
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Priorizar fontes de ômega-3, como salmão, sardinha e sementes de linhaça e chia.
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Garantir boas fontes de proteína magra, como frango, ovos, peixe e leguminosas.
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Aumentar o consumo de fibras, presentes em vegetais e grãos integrais, para ajudar na saúde intestinal e controle glicêmico.
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Beber bastante água, essencial para o funcionamento do sistema linfático.
O que deve ser evitado
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Açúcares simples (refrigerantes, doces, bolos, biscoitos recheados);
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Frituras e alimentos industrializados;
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Embutidos (presunto, salsicha, linguiça, peito de peru);
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Farinhas refinadas;
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Bebidas alcoólicas (contraindicadas na gestação);
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Excesso de sal e temperos prontos.
Cardápio exemplo para um dia: Dieta para lipedema na gestação
Café da manhã:
– 1 fatia de pão de fermentação natural integral com 1 colher (sopa) de pasta de abacate com limão
– 1 ovo cozido
– 1 copo de suco natural de frutas vermelhas (sem açúcar)
Almoço:
– Filé de peixe grelhado com azeite e ervas
– Purê de mandioquinha
– Brócolis e cenoura no vapor
– Salada verde com azeite e limão
Lanche da tarde:
– 1 iogurte natural com chia e morangos fatiados
Jantar:
– Omelete com espinafre, tomate e queijo branco
– Arroz integral
– Abobrinha refogada
– 1 taça pequena de salada de frutas
O lipedema pode ser desafiador, especialmente durante a gestação. Mas com orientação nutricional adequada, acompanhamento médico e hábitos saudáveis, é possível controlar sintomas, reduzir inflamações e garantir uma gravidez mais leve e equilibrada.
A dieta não cura o lipedema, mas é uma das ferramentas mais poderosas para manter a qualidade de vida da mulher, antes, durante e depois da gestação.