O colágeno se tornou um dos suplementos mais populares entre quem busca retardar o envelhecimento e fortalecer pele, unhas, ossos e articulações. Afinal, ele é a proteína mais abundante do corpo humano e fundamental para dar estrutura e sustentação aos tecidos. A partir dos 25 anos, o organismo reduz naturalmente sua produção, o que explica a corrida por cápsulas, pós e cremes que prometem repor essa perda.
Mas será que eles realmente funcionam? Pesquisas recentes mostram que a eficácia dos suplementos depende diretamente da forma de uso e da composição do produto.
O que dizem os estudos
Estudos da Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA) indicam que ainda não há comprovação científica robusta sobre os benefícios do colágeno oral. A agência analisou dezenas de pesquisas e concluiu que as alegações de melhora da elasticidade da pele e das articulações não são suficientemente comprovadas por evidências humanas de alta qualidade.
A EFSA também alertou que muitos experimentos são financiados pela própria indústria de suplementos, o que pode gerar resultados tendenciosos. Um levantamento comparando estudos com e sem patrocínio comercial revelou diferenças significativas: enquanto os ligados à indústria relataram melhora na hidratação e elasticidade da pele, os independentes não observaram alterações relevantes.
Colágeno hidrolisado pode trazer benefícios
Apesar das divergências, alguns trabalhos apontam potenciais efeitos positivos. Uma meta-análise publicada no Journal of Drugs in Dermatology mostrou que o colágeno hidrolisado, composto por fragmentos menores chamados peptídeos, pode aumentar a hidratação cutânea e a densidade do colágeno dérmico após 8 a 12 semanas de uso contínuo. Ainda assim, os autores destacam que são necessários estudos mais amplos e duradouros para confirmar os resultados.
Cremes, cápsulas e procedimentos: o que realmente funciona?
No caso dos cremes e cosméticos com colágeno, a ação é superficial. A molécula é grande demais para penetrar nas camadas mais profundas da pele, permanecendo apenas na superfície — o que limita seus efeitos. Por isso, dermatologistas consideram que esses produtos funcionam mais como hidratantes do que como tratamentos rejuvenescedores.
As técnicas que realmente estimulam a produção natural da proteína, como o microagulhamento e o laser fracionado, apresentam resultados mais consistentes. Esses procedimentos criam pequenas lesões controladas que ativam o processo de regeneração da pele, favorecendo a formação de novo colágeno. O custo, no entanto, pode ultrapassar 4 mil reais por sessão.
Qual tipo de colágeno é mais eficaz?
Entre as opções de suplementação oral, o colágeno marinho — derivado de peixes — é o mais recomendado, por conter maior proporção do tipo 1, o principal responsável pela firmeza da pele. Já os suplementos “veganos” não contêm colágeno de fato, mas aminoácidos e vitaminas que auxiliam o corpo a sintetizá-lo.
Apesar da popularidade, a reposição artificial da proteína não substitui hábitos essenciais para manter a produção natural. A exposição solar excessiva, o tabagismo, o estresse e uma dieta pobre em proteínas aceleram a degradação do colágeno. Por outro lado, alimentos ricos em vitamina C, zinco e cobre — como frutas cítricas, castanhas e vegetais verde-escuros — favorecem sua síntese natural.
Efeitos colaterais e riscos do uso em excesso
Em termos de segurança, os suplementos de colágeno apresentam baixo risco para pessoas saudáveis, mas exigem cautela em indivíduos com doenças renais ou hepáticas, já que o excesso de proteínas pode sobrecarregar o metabolismo.
A EFSA também avaliou possíveis riscos de contaminação da matéria-prima bovina, associada à encefalopatia espongiforme (doença da vaca louca), e considerou o perigo praticamente nulo nos produtos regulamentados.
O consenso entre pesquisadores é que não existe milagre, nem uma única forma de uso capaz de reverter o envelhecimento. A suplementação pode trazer benefícios sutis, mas deve ser acompanhada de uma rotina equilibrada, proteção solar e alimentação adequada. Como destacam as evidências científicas, o segredo do colágeno não está apenas em tomá-lo, mas em como o corpo é preparado para aproveitá-lo.
Resumo:
O colágeno é essencial para a firmeza da pele e a saúde das articulações, mas os suplementos orais ainda carecem de comprovação científica robusta. Pesquisas mostram benefícios modestos do colágeno hidrolisado, enquanto cremes têm efeito superficial. A melhor estratégia é combinar alimentação equilibrada, proteção solar e hábitos saudáveis para estimular a produção natural da proteína.
Leia também:
Mitos e verdades sobre o uso de colágeno para a pele