A baixa e alta de juros afeta diretamente a vida de todos os brasileiros. Porém, o “economiquês” pode acabar assustando quem não é familiarizado com os termos e não sabe o que é taxa Selic e qual seu impacto no mercado — e por consequência, no nosso bolso.
Recentemente, a taxa básica de juros da economia — a Selic — sofreu uma queda. No dia 20 de março de 2024, o Banco Central divulgou uma redução na taxa Selic de 11,25% para 10,75%. Essa decisão marca o sexto corte consecutivo da taxa pelo Copom (Comitê de Política Monetária).
O Comitê de Política Monetária é o órgão do Banco Central que define, a cada 45 dias, a taxa básica de juros da economia. A entidade toma essa decisão com base em dados, conforme as expectativas de inflação, o balanço de riscos e a atividade econômica.
AnaMaria conversou com a especialista em finanças Fernanda Ribeiro, CEO da Conta Black, para entender como a alta e baixa de juros influencia no bolso e na economia. Confira!
CONTROLE DE INFLAÇÃO
Você certamente já ouviu falar nesse termo. A inflação é o aumento dos preços de bens e serviços em uma economia. Quando há uma grande procura por produtos e serviços, seja por conta de um aumento na renda básica, ou incentivo ao consumo, a tendência é de que os preços continuem aumentando.
Segundo Fernanda, esse aumento reduz o poder de compra da população, já que a renda do salário não cresce na mesma velocidade. Para controlar o consumo, o aumento da taxa Selic deixa o crédito mais caro e o acesso mais difícil.
“Os bancos ficam mais rigorosos ao selecionar os clientes que podem tomar empréstimos e as taxas ficam mais altas para os que têm probabilidade maior de inadimplência. Esse efeito acaba controlando o consumo, evitando que o aumento de preços continue acelerando”, destaca a especialista.
IMPACTO NO BOLSO
Diariamente temos que tomar decisões em relação à vida financeira: onde e como investir um dinheiro que sobrou, comprar ou trocar de carro, e até mesmo contrair um empréstimo para conquistar um objetivo de vida.
Conforme explica Ribeiro, a alta ou baixa da taxa Selic impacta na economia do país de maneira geral. “A variação pode estimular ou não o consumo, que por sua vez impacta no poder de compra das famílias, trazendo maior ou menor qualidade de vida. Além de afetar também nas decisões de investimento, estimulando ou não a retenção de poupança, ou o investimento em economia real, gerando mais empregos”, diz a especialista.
E OS INVESTIMENTOS?
No caso dos investimentos, é preciso analisar com cuidado as probabilidades em caso de alta ou baixa de juros. “Com a redução da Selic, os investimentos mais conservadores rendem menos ao investidor, levando a refletir sobre a seguinte questão: ‘se o meu capital for investido na renda fixa, renderá 10,75% ao ano. Caso eu decida empreender, quanto um novo negócio me traria de retorno?’”, orienta Fernanda.
Se o retorno for igual ou menor à Selic, não compensa arriscar. Caso seja maior, vale a pena usar o capital para investir ou, até mesmo, tomar um crédito para alavancar a operação.
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EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS
Com a taxa básica de juros do Brasil menor, os bancos reduzem também a taxa cobrada para empréstimos e financiamentos, estimulando o consumo, e o contrário segue a mesma lógica.
Afinal, com uma taxa de juros menor, as parcelas de um empréstimo com o mesmo prazo acabam sendo menores e isso vai de encontro com a capacidade de pagamento de cada indivíduo. “Geralmente quando o brasileiro faz uma compra parcelada, ele olha mais para o valor da parcela do que para o montante final”, pontua a profissional.
Por isso, o mercado imobiliário também é impactado pelo corte na taxa Selic. As linhas de crédito mais baratas beneficiam quem deseja adquirir um imóvel financiado.
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