Se você tem endometriose, precisa fazer acompanhamento com uma nutricionista para fazer a adequação da sua alimentação, e os motivos para seguir um plano nutricional tendo endometriose são diversos. Inclusive na dor da endometriose.
Como nutricionista especialista em endometriose, sei que a nutrição é essencial para o tratamento dessa condição. Para silenciar sinais e sintomas, ajudar quem está tentando engravidar, emagrecer, manter o peso, ganhar massa magra, melhorar a composição corporal ou trabalhar a endometriose de maneira mais completa.
Para justificar ainda mais a importância na dieta para quem tem endometriose, recentemente, o JAMA Network Open, uma das mais renomadas revistas de medicinas, publicada semanalmente pela American Medical Association (AMA), publicou uma pesquisa internacional inédita com 2.388 mulheres com diagnóstico confirmado de endometriose.
A publicação avaliou o inquérito alimentar de mulheres com endometriose, e a avaliação do score (intensidade) de dor frente a redução do consumo de determinados alimentos. O estudo mostrou que entre as que fizeram mudanças na dieta, 2 em cada 3 perceberam melhora na dor.
Endometriose é uma doença inflamatória crônica em que o tecido semelhante ao endométrio (camada que reveste o útero por dentro) cresce fora do útero, em locais onde não deveria estar — como ovários, trompas, bexiga, intestino e até diafragma. Os principais sintomas da endometriose incluem cólicas menstruais intensas, dor durante as relações sexuais, dor pélvica crônica e infertilidade.
O que diz a pesquisa sobre o papel da dieta para ajudar na dor da endometriose
O Jama Network Open realizou uma pesquisa online para obter informações sobre quais modificações dietéticas e/ou suplementos foram percebidos como benéficos para o controle da dor por mulheres com endometriose.
A alimentação não é causa direta da endometriose. Mas, pode influenciar os sintomas, a inflamação e a qualidade de vida de quem convive com a doença. Assim, a endometriose tem um importante componente inflamatório, e a dieta pode atuar tanto como aliada quanto como agravante desse processo.
Nesse estudo, relatos de melhora da dor após mudanças na alimentação apareceram ao se eliminar da dieta:
- Álcool – 53,2% perceberam melhora
- Glúten – 45,4% relataram alívio
- Laticínios – 45,2% sentiram melhora
- Cafeína – 43,4% notaram redução da dor
- Açúcar processado – 38,1% relataram benefício
- Ultraprocessados – 36,1% relataram melhora
- Alho e cebola – 32% perceberam alívio
Já entre os suplementos, o magnésio foi o mais utilizado: 32,3% das que usaram relataram melhora na dor.
O magnésio tem efeito miorrelaxante. Ou seja, ajuda a relaxar os músculos, o que pode reduzir as cólicas intensas e as contrações uterinas que são comuns na endometriose.
Na minha prática clínica cuidando de mulheres com endometriose, faço um acompanhamento nutricional personalizado, levando em consideração o contexto, histórico e relato de cada paciente. Nesse sentido, posso dizer que sim, algumas mulheres com endometriose relatam melhora importante ao reduzir álcool, glúten e laticínios. Mas, a resposta à alimentação é algo individual. Por isso, se você tem endometriose, procure uma nutricionista para receber acompanhamento personalizado.