A queda do desejo sexual, também chamada de baixa libido, atinge uma parcela significativa da população brasileira – e afeta tanto homens quanto mulheres. Um levantamento feito pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo apontou que 48,5% das mulheres que buscaram ajuda médica por disfunções sexuais relataram falta ou diminuição do desejo. Entre os homens, uma pesquisa com mais de 2.800 participantes mostrou uma prevalência de disfunção erétil de 45,1%, muitas vezes ligada diretamente à perda da libido.
Segundo o médico sexologista João Borzino, a explicação para esse cenário envolve um conjunto de fatores: físicos, emocionais, culturais e relacionais. “O desejo sexual é multifatorial. Depressão, ansiedade, uso de medicamentos, questões hormonais, estresse ou conflitos no relacionamento podem afetar profundamente a libido”, aponta.
O que pode estar acontecendo?
Entre os principais fatores, Borzino destaca:
- Questões emocionais e psicológicas, como depressão, ansiedade e altos níveis de estresse, que aumentam o cortisol e inibem o desejo;
- Problemas no relacionamento, como mágoas acumuladas, ressentimentos ou falhas na comunicação;
- Monotonia na vida sexual, que reduz a excitação e a novidade;
- Influências socioculturais, incluindo repressões ligadas à sexualidade, especialmente em mulheres;
- Alterações fisiológicas, como desequilíbrios hormonais, doenças crônicas ou efeitos colaterais de medicamentos.
Além disso, é comum que o desejo diminua em relação a um parceiro específico, mesmo que o interesse sexual geral continue. “Quando falta admiração ou respeito dentro da relação, ou há mágoas não resolvidas, o desejo pelo outro pode desaparecer. E a previsibilidade nas relações íntimas pode esfriar tudo”, explica o especialista.
Quando procurar ajuda profissional?
Segundo Borzino, é essencial buscar apoio especializado quando a falta de desejo persiste, causa sofrimento pessoal ou está interferindo negativamente na relação. O médico alerta, no entanto, que muitos pacientes buscam ajuda no lugar errado. “A maioria das pessoas procura ginecologistas, urologistas ou psicólogos sem formação específica em sexologia clínica. Isso atrasa o diagnóstico e o tratamento correto.”
Ele ainda reforça a importância de procurar profissionais com formação em terapia sexual, e critica a banalização do tema. “A sexualidade humana não é levada a sério. Isso abre espaço para clínicas enganosas que oferecem soluções milagrosas e tratamentos caros, mas ineficazes”, alerta.
Com mais de duas décadas de experiência clínica, Borzino afirma que os principais obstáculos para uma vida sexual saudável são o tabu, a falta de autoconhecimento e a má comunicação entre os parceiros. “Mesmo em tempos de internet, o que mais existe são informações rasas que só pioram a situação. Homens não entendem o desejo feminino, e vice-versa. E essa distância, somada ao silêncio, vira um abismo dentro das relações”, conclui.
Resumo:
A perda de desejo sexual pode ter causas emocionais, fisiológicas ou relacionais. Médico alerta para os principais fatores envolvidos e reforça a importância do atendimento especializado em sexologia para tratar o problema de forma eficaz e segura.
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