Quem sofre com endometriose sabe que as dores afetam – muito – a qualidade de vida. Felizmente, esse mal tem tratamento. Também é possível trabalhar na prevenção dos sintomas. Fazer exercícios físicos pode ajudar!
AnaMaria conversou com a fisioterapeuta pélvica Cibele Santoli, que nos contou um pouco sobre os benefícios dos exercícios físicos e como eles podem auxiliar no tratamento de endometriose.
Afinal, o que é endometriose?
A endometriose é uma condição médica crônica em que um tecido semelhante ao endométrio, que reveste o interior do útero, cresce fora da cavidade uterina.
Esse tecido pode se localizar em várias partes do corpo, especialmente na região pélvica, como ovários, trompas de Falópio, intestinos e a superfície externa do útero. Em casos raros, pode se espalhar para outras áreas, como pulmões ou cérebro.
Principais sintomas:
- Dor pélvica: dor crônica na região pélvica, que pode piorar durante a menstruação;
- Cãibras e dores intensas antes e durante a menstruação;
- Dor durante a relação sexual (dispareunia): ela pode ocorrer durante ou após o ato sexual;
- Dores ao evacuar ou urinar;
- Menorragia ou sangramento entre os ciclos menstruais;
- Dificuldade para engravidar (essa pode ser a única manifestação em algumas mulheres);
- Diarreia, constipação, inchaço e náusea, principalmente durante a menstruação.
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Quais são os tratamentos para a endometriose?
O tratamento da endometriose varia conforme a gravidade dos sintomas, a idade da paciente e até se há desejo de engravidar. As opções incluem medicação, terapias hormonais, cirurgia e terapias complementares. Entenda:
O alívio da dor é frequentemente o primeiro passo. Analgésicos, como anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), incluindo ibuprofeno ou naproxeno, sempre com orientação médica, são usados para aliviar a dor e a inflamação.
As terapias hormonais visam reduzir ou eliminar a menstruação, já que o tecido endometrial responde às flutuações hormonais do ciclo menstrual. Pílulas anticoncepcionais, combinadas, que contêm estrogênio e progesterona, ajudam a controlar a dor e a reduzir o sangramento.
A cirurgia pode ser necessária em casos graves ou quando outros tratamentos não são eficazes. Ela é feito por meio de uma laparoscopia, uma cirurgia minimamente invasiva usada tanto para diagnóstico quanto para tratamento, permitindo a remoção ou destruição do tecido endometrial que cresceu em lugar errado.
Exercícios físicos são ótimos aliados das mulheres que lutam contra endometriose!:
“Os exercícios físicos podem desempenhar um papel significativo no manejo da endometriose. Embora não representem uma cura definitiva, eles ajudam a melhorar sintomas associados à condição. A prática regular de exercícios pode reduzir a dor pélvica, aumentar o bem-estar emocional e físico e contribuir para a saúde geral”, aponta Cibele.
A prática regular de atividade física tem um impacto positivo na saúde geral, reforçando o sistema imunológico, promovendo um sono de melhor qualidade e auxiliando na manutenção do peso. Esses benefícios cumulativos podem resultar em uma melhoria significativa na qualidade de vida das mulheres.
Os exercícios físicos melhoram a circulação sanguínea, o que pode reduzir a formação de tecido endometrial fora do útero. Eles também ajudam a reduzir a inflamação, um fator-chave na progressão dos sintomas da endometriose. Além disso, os exercícios estimulam a liberação de endorfina, analgésico natural, aliviando a dor e o desconforto.
E a prática precisa ser constante! “Incorporar exercícios regulares, como caminhada, yoga, natação, pilates e alongamento, pode ser uma estratégia eficaz para gerenciar os sintomas e melhorar a qualidade de vida”, sugere a especialista.
Aumente a intensidade dos exercícios devagar
A prática correta de exercícios físicos é crucial para mulheres com endometriose, pois pode oferecer uma série de benefícios que ajudam a gerenciar a condição e melhorar a qualidade de vida.
“Uma mulher com endometriose deve começar com exercícios de baixo impacto, aumentar a intensidade gradualmente e sempre escutar seu corpo para evitar desconforto excessivo”, alerta.
É importante focar em exercícios de respiração e alongamento, evitar atividades de alto impacto, manter-se hidratada e bem alimentada, monitorar os ciclos menstruais para ajustar a rotina de exercícios conforme necessário e garantir períodos adequados de descanso. A realização constante de atividades físicas contribui para diminuir o estresse e a ansiedade ao estimular a produção de endorfinas, hormônios naturalmente associados ao prazer e bem-estar. Além disso, o exercício regular eleva o humor e pode fortalecer a autoestima.
Esses efeitos positivos auxiliam no enfrentamento dos impactos emocionais negativos da endometriose, aprimorando a qualidade de vida e promovendo um equilíbrio mental mais saudável.
“Atividades de alto impacto ou que colocam muita pressão na região pélvica podem ser desconfortáveis durante períodos de dor intensa. Portanto, consultar um profissional de saúde para orientação personalizada é aconselhável”, completa a fisioterapeuta.
Viver com endometriose pode ser emocionalmente desafiador e o apoio psicológico é crucial. Grupos de apoio e aconselhamento podem ajudar as pacientes a lidar com os aspectos emocionais da doença. O tratamento da endometriose deve ser personalizado, considerando as necessidades e objetivos individuais da paciente.
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