Na hora das compras você costuma prestar atenção no rótulo de cosméticos? Essa não é uma das tarefas mais fáceis, né? Afinal, as letras são miúdas e os nomes tão complicados que fica difícil para entender. Apesar disso, é importante ler rótulos de cosméticos para compreender como podem afetar a saúde da pele, cabelo ou unhas.
Isso porque os rótulos de cosméticos são fundamentais para explicar o produto ao consumidor. É nele que estão escritos os ativos usados na composição, o modo de usar, os benefícios, além dos selos de qualidade.
“Desconfie daqueles rótulos que precisam de uma lupa, que você dificilmente terá em mãos, para serem lidos”, indica a especialista em estética e cosmetologia Chris Buarque, diretora Científica da Comunidade Brasileira de Naturopatia.
Como ler os rótulos de cosméticos?
Sabemos que decifrar os nomes técnicos dos ativos é complicado. Entretanto, existe uma razão para que as substâncias sejam escritas dessa maneira: elas seguem um padrão determinado pelo INCI (International Nomenclature of Cosmetic Ingredients). Portanto, seus nomes são baseados no nome científico do ativo.
Logo, ler os rótulos de cosméticos requer paciência até que você consiga se familiarizar. Chris deu algumas dicas para fazer a leitura das embalagens:
- A ordem dos ingredientes é decrescente. Primeiro são listados aqueles que estão em maior quantidade no produto, normalmente os cinco ou seis primeiros;
- Os extratos vegetais são encontrados do meio para o final do rótulo;
- Os nomes estão com nomenclatura internacional para ingredientes cosméticos. Por exemplo, água estará escrito como Acqua. Mas, com aplicativos e pesquisas rápidas em sites de busca, fica mais fácil identificar ‘quem é quem’.
- Esteja atentos aos ‘targets de rótulos’, aquele apelo especial em destaque que revela diferenciais, como: 70% de ingredientes naturais ou orgânico, não testado em animais, pH fisiológico, sustentabilidade, produto hipoalergênico, entre outros.
E os selos de qualidade?
Se você reparar bem ao ler rótulos de cosméticos, eles, geralmente, têm selos de qualidade. “Eu considero que os selos passaram a transmitir com mais força a relação de credibilidade, o compromisso com a sustentabilidade e um maior respeito às pessoas e aos animais”, afirma Chris.
A especialista indica os selos de qualidade para ficar de olho nos rótulos de cosméticos. Veja a seguir!
- USDA Organic: se você tem o hábito de consumir cosméticos fabricados nos EUA. Conferido pelo Departamento de Agricultura do governo norte-americano;
- Naturopatia AZUL®: certifica boas práticas em todas as etapas de produção e o compromisso com a economia circular. Conferido pela Comunidade Brasileira de Naturopatia;
- Cosmebio: se você costumar consumir cosméticos franceses. Selo de uma associação francesa com propósitos ligados à “cosmética limpa”;
- Leaping Bunny: um selo que garante que nenhuma fase do processo de fabricação envolve testes em animais. É de uma organização educacional em defesa dos animais nos EUA e Canadá;
- Fair Trade Certified: para garantir que não há “trabalho escravo” envolvido em nenhuma etapa no processo de produção. Certificadora comprometida com o comércio justo, para erradicação da pobreza.
Quem é quem?
Agora que você já sabe dicas para ler rótulos cosméticos e o que são os selos de qualidade, precisa entender sobre alguns componentes que quase sempre aparecem nas embalagens e como eles agem no corpo. Confira!
- Petrolatos
De acordo com a especialista em cosmetologia, são subprodutos do petróleo, como óleos minerais e vaselinas. Estes formam barreira, evitando que a pele perca água e que desidrate. São usados em larga escala em cosméticos, desde batons, a pomada e hidratantes. A discussão sobre o uso é em torno do impacto ambiental.
Ingredientes naturais, como óleo de coco, óleo de jojoja e manteiga de Karité, já estão entre as novas alternativas.
Nomes mais comuns para o petrolato em rótulos cosméticos: Petrolatum, Mineral Oil (Óleo Mineral), Paraffinum Liquidum, Paraffin, Microcrystalline Wax e Ceresin.
- Alumínio
Encontramos o alumínio em desodorantes, antitranspirantes, pigmentos e corantes usados em maquiagens, em protetores solares e para estabilizar e/ou espessar loções e cremes.
O uso está regulamentado por diversas agências, mas há muita controvérsia em torno do seu poder carcinogênico (risco de câncer de mama), Alzheimer e irritações à pele. Seu uso tem concentrações liberadas bem definidas.
Nomes mais comuns nos rótulos: cloridrato de alumínio, hidróxido de alumínio, estearato de alumínio e óxido de alumínio.
- Silicone
O uso de silicones ficou mundialmente popular por conferir aos produtos um toque mais sedoso, sem ficar pegajoso. Chamamos de “tack free”.
Traz inúmeras vantagens aos cosméticos inclusive aqueles para haircare. Grande parte das pessoas não quer o frizz nos cabelos e o uso de silicones reorganiza a fibra capilar. O fato de dar um acabamento mate à pele, tornou o silicone 100% presente na cosmética masculina, já que os homens não querem a pele com aparência de brilho.
Para os protetores solares, o uso de silicones trouxe mais durabilidade e resistência à água.
Já existem alternativas naturais e a discussão se dá em torno do impacto ambiental, bem como acúmulo por deposição no couro cabeludo, sendo necessário o uso de xampu para limpeza profunda e/ou por gerar efeito oclusivo sobre a pele, impedindo uma transpiração fisiológica saudável.
Nos rótulos aparece como: dimethicone (um dos silicones), Cyclopentasiloxane, Cyclohexasiloxane, Dimethiconol ou Amodimethicone.
- Formol
Devemos pensar no formol sobretudo como conservante. Se alguém lembrar das aulas de química no laboratório da escola, havia muita coisa guardada em potes com formol dentro. Tornou-se mais popular no uso cosmético com as tendências do alisamento dos cabelos.
É uma substância citotóxica. Talvez você conheça alguém que fez escova progressiva e teve mal-estar, coceira e reações alérgicas. É classificado como um carcinogênico humano pela IARC (Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer). Durante o uso, o formaldeído é liberado pela ação do calor. No caso de progressivas ou outras técnicas de alisamento, é perigoso para quem recebe e para quem aplica.
Nos rótulos, aparecem como substâncias liberadoras de formaldeído: Quaternium-15, DMDM Hydantoin, Imidazolidinyl Urea, Diazolidinyl Urea ou Sodium Hydroxymethylglycinate.
- Parabenos
São conservantes usados em larga escala em diversos tipos de cosméticos. Você fica feliz que o produto dure mais sem apresentar fungos. E o parabeno está lá para isso. O que acontece é que durante um único dia, você facilmente usa 20 produtos cosméticos diferentes, entre creme dental, enxaguatório bucal, batom, protetor solar, hidratante facial, hidratante corporal, sabonete líquido, xampu, condicionador, detergentes em geral e vários outros.
É uma verdadeira sobrecarga de parabenos para sensibilizar a pele e gerar algum efeito acumulativo. Há ainda uma relação sugerida em estudos, em que o uso de parabenos pode copiar o estrogênio no corpo, ligando-se a receptores de hormônio, o que o torna mais próximo de distúrbios hormonais e câncer de mama.
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