O Ministério da Saúde incluiu a suplementação de cálcio como uma recomendação universal para todas as gestantes no Brasil. A medida tem como objetivo reduzir os casos de pré-eclâmpsia e eclâmpsia, condições associadas à hipertensão na gravidez, que são as principais responsáveis por partos prematuros e mortes maternas e fetais. A nova estratégia será implementada no pré-natal oferecido pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
Por que o cálcio é importante na gestação?
A suplementação de cálcio na gestação ajuda a regular a pressão arterial, reduzindo o risco de complicações hipertensivas durante a gravidez.
O novo protocolo foi desenvolvido para diminuir a mortalidade materna e infantil, especialmente entre grupos mais vulneráveis, como a população negra e indígena. Em 2023, quase 70% das mortes maternas por hipertensão ocorreram entre mulheres pretas e pardas, evidenciando a necessidade da medida.
A recomendação é que as gestantes tomem dois comprimidos diários de carbonato de cálcio 1.250 mg a partir da 12ª semana de gestação até o parto. Essa dose garante a ingestão de 1.000 mg de cálcio elementar por dia, a quantidade mínima necessária para ajudar a prevenir a pré-eclâmpsia.
Como será feita a distribuição de cálcio na gestação?
O carbonato de cálcio já faz parte da lista de medicamentos da farmácia básica do SUS e está disponível nas unidades de saúde.
No entanto, a responsabilidade pela aquisição e distribuição dos comprimidos ficará a cargo dos municípios, estados e do Distrito Federal, garantindo que todas as gestantes tenham acesso ao suplemento.
Base científica da recomendação de cálcio na gestação
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já recomenda a suplementação de cálcio para gestantes com baixo consumo do nutriente e mulheres com alto risco de desenvolver pré-eclâmpsia.
No Brasil, essa recomendação já era seguida, mas apenas para gestantes com diagnóstico de risco. Agora, com a prescrição universal, o Ministério da Saúde busca garantir que todas as gestantes recebam o benefício da prevenção, independentemente do histórico médico.
Pesquisas apontam que a maioria das mulheres brasileiras consome menos da metade da quantidade recomendada de cálcio diariamente, o que justifica a nova abordagem.
Além do cálcio na gestação, gestantes devem continuar a suplementação de ácido fólico e ferro, prática já adotada de forma universal desde 2005.
É essencial que os comprimidos de cálcio e ferro sejam tomados em horários distintos, pois a absorção de um pode interferir na do outro.
Fatores de risco para pré-eclâmpsia
O aumento da pressão arterial na gravidez pode ser influenciado por diversos fatores, como:
- Primeira gestação;
- Gravidez antes dos 18 anos ou após os 40 anos;
- Hipertensão crônica;
- Diabetes;
- Lúpus;
- Obesidade;
- Gestação gemelar;
- Histórico familiar de pré-eclâmpsia.
Em gestantes com maior risco ou que apresentem alterações na pressão arterial no início da gravidez, pode ser indicada a administração de ácido acetilsalicílico (AAS) em conjunto com o cálcio, para aumentar a proteção contra complicações graves.
A pré-eclâmpsia em destaque
A gravidade da pré-eclâmpsia ganhou notoriedade recentemente com o caso da cantora Lexa, que enfrentou um parto prematuro devido à condição. Sua filha, Sofia, faleceu três dias após o nascimento, trazendo à tona a importância da conscientização e da prevenção da hipertensão na gravidez.
Com essa nova diretriz, o Ministério da Saúde reforça a importância do acompanhamento pré-natal e da suplementação adequada para garantir uma gestação mais segura e reduzir os riscos para mães e bebês.
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