Tenho atendido cada vez mais mulheres com diagnóstico de lipedema no meu consultório. Muitas delas surpresas que, apesar de serem magras, foram diagnosticadas com a condição. Por isso, é preciso entender que, diferente da obesidade, o lipedema é um distúrbio metabólico e linfático que resulta em um padrão de gordura resistente. Embora muitas pessoas confundam o lipedema com simples gordura localizada, ele apresenta características únicas, como dor, inchaço e hematomas frequentes. Mas, a verdade é que sim, pode acontecer de ser encontrado lipedema em pessoas magras.
Entendendo o lipedema
O lipedema é uma condição genética e hormonal que leva ao acúmulo anômalo de gordura em áreas específicas do corpo, como nas pernas, quadris e braços, e esse acúmulo não está diretamente relacionado ao peso corporal total.
Por isso, lipedema em pessoas magras pode ser difícil de diagnosticar. Porque a paciente pode ter uma aparência corporal geral esbelta. Mas, apresentar um acúmulo desproporcional de gordura nas extremidades, causando uma desigualdade no contorno corporal. Nesse caso, o lipedema pode ser confundido com celulite ou com gordura localizada. Contudo, os sintomas e características são distintos, como dor, hematomas fáceis e sensação de peso nas áreas afetadas.
Geralmente, tais pacientes relatam que passam a vida inteira pensando que eram do tipo “magra com coxa grossa”, ou “magra com perna gorda”.
Principais características do lipedema em pessoas magras
- Acúmulo desproporcional de gordura: Mesmo com um peso corporal normal ou abaixo do normal, o lipedema pode causar acúmulo de gordura nas pernas, quadris e/ou braços.
- Sintomas específicos: Pode haver dor, sensibilidade ao toque, hematomas espontâneos, inchaço e sensação de peso nessas áreas, o que não ocorre com a gordura comum ou celulite.
- Dificuldade de emagrecer: O lipedema não responde a dietas convencionais ou exercícios físicos. Pois, é um acúmulo de gordura causado por um distúrbio metabólico e linfático.
- Progresso da condição: Com o tempo, o lipedema pode evoluir, podendo levar a complicações como linfedema (retenção de líquidos), o que agrava o inchaço e o desconforto.
Como tratar o lipedema em pessoas magras
O tratamento para lipedema envolve uma combinação de manejo clínico, cirurgia (como a lipoaspiração) e cuidados nutricionais. Mas, como nutricionista especialista em lipedema, posso afirmar que a nutrição desempenha um papel central no controle da condição. Pois uma dieta adequada pode reduzir a inflamação, controlar o ganho de peso e melhorar a saúde do sistema linfático.
Leia mais em: O que faz uma nutricionista especialista em lipedema
Dieta para lipedema
A dieta para lipedema deve ser anti-inflamatória, rica em nutrientes e focada em reduzir a retenção de líquidos e melhorar a circulação. Aqui estão alguns aspectos importantes para a alimentação:
- Focar em alimentos anti-inflamatórios: Alimentos como frutas, vegetais, peixes ricos em ômega-3 (salmão, sardinha), nozes, sementes e azeite de oliva, por exemplo, ajudam a combater a inflamação crônica associada ao lipedema.
- Reduzir carboidratos refinados e açúcares: Pois, alimentos processados e açúcares refinados podem aumentar a inflamação e promover o ganho de peso. Evitar esses alimentos é essencial para o controle do lipedema.
- Incluir alimentos ricos em fibras: Leguminosas, cereais integrais e vegetais são ricos em fibras, o que ajuda a regular o sistema digestivo e controla o apetite.
- Evitar alimentos ricos em sódio: O excesso de sal pode levar à retenção de líquidos, agravando o inchaço e a sensação de peso nas áreas afetadas.
Se você tem lipedema (ou desconfia que tem), procure ajuda especializada para começar o tratamento adequado.