A diástase abdominal é uma condição caracterizada pelo afastamento dos músculos retos do abdômen, que formam a conhecida “parede” abdominal. Embora seja mais comum em mulheres, especialmente após a gestação, homens também podem ser afetados.
O cirurgião plástico da Unimed Araxá, Henrique Ovídio Coraspe Gonçalves, explica as principais causas, sintomas e tratamentos para esse problema.
O que causa a diástase abdominal?
Os músculos retos abdominais são compostos por duas bandas verticais unidas no centro do abdômen. Quando essa estrutura sofre um estiramento excessivo, os músculos podem enfraquecer e se afastar, levando à diástase.
Em alguns casos, esse processo pode provocar a protrusão dos órgãos internos, já que a proteção abdominal fica comprometida.
Entre as principais causas da diástase estão:
- Gestação;
- Múltiplas gestações, que aumentam a pressão sobre a musculatura abdominal;
- Perda de peso significativa, como ocorre após a cirurgia bariátrica;
- Envelhecimento natural, que pode levar ao enfraquecimento dos tecidos musculares.
Quais são os sintomas da diástase abdominal?
O sintoma mais evidente da diástase abdominal é o afastamento dos músculos centrais do abdômen, que pode ser percebido ao pressionar a região e contrair a musculatura.
Além disso, ao realizar esforços como levantar-se, tossir ou até mesmo rir, pode-se notar uma protuberância vertical no centro do abdômen, que se projeta para fora.
Outros sinais comuns incluem:
- Fraqueza na região abdominal: a musculatura perde sua firmeza, tornando atividades cotidianas, como carregar peso ou manter uma boa postura, mais difíceis.
- Dores nas costas: devido à falta de suporte da musculatura abdominal, a coluna pode sofrer maior sobrecarga, resultando em dores lombares frequentes.
- Alterações na postura: a diástase pode levar a um arqueamento da coluna, conhecido como hiperlordose, impactando a estabilidade e o equilíbrio corporal.
- Sensação de inchaço constante: muitas pessoas relatam a sensação de estômago alto ou distensão abdominal, especialmente após as refeições.
- Dificuldade para fortalecer a região: mesmo com exercícios físicos regulares, quem tem diástase pode perceber que a barriga permanece flácida ou projetada para frente.
- Em casos mais graves, pode haver a formação de uma hérnia abdominal, quando os órgãos internos começam a se projetar por meio do espaço entre os músculos separados.
Como é feito o diagnóstico da diástase abdominal?
A avaliação clínica pode ser realizada por um fisioterapeuta pélvico ou por um cirurgião plástico. Para confirmação e mensuração do afastamento muscular, exames como ultrassom e tomografia computadorizada podem ser solicitados.
É possível prevenir a diástase abdominal?
Sim! Algumas práticas ajudam a reduzir os riscos de desenvolver essa condição, como:
- Fortalecimento da musculatura abdominal, por meio de exercícios físicos adequados.
- Manutenção do peso corporal saudável, evitando oscilações bruscas e obesidade.
Quais são as opções de tratamento?
Em algumas situações, principalmente após a primeira gestação, a diástase pode se resolver espontaneamente. No entanto, na maioria dos casos, é necessário adotar um tratamento adequado para corrigir o afastamento dos músculos e fortalecer a região abdominal.
Fisioterapia pélvica e exercícios para fortalecer a musculatura
Muitas mulheres podem se beneficiar da fisioterapia pélvica e de exercícios específicos para a diástase abdominal. Esse tratamento foca no fortalecimento do core e do assoalho pélvico, ajudando a recuperar a estabilidade da musculatura. Entre os exercícios mais indicados para fechar a diástase, estão:
- Respiração diafragmática: fortalece a musculatura interna do abdômen e melhora o controle respiratório.
- Técnica de ativação do transverso abdominal: consiste em contrair os músculos profundos do abdômen enquanto expira, ajudando a reposicionar os músculos retos.
- Ponte pélvica: deitada com os pés apoiados no chão e joelhos flexionados, eleve o quadril lentamente, ativando o core.
- Elevação de perna com contração abdominal: deitada de costas, eleve uma perna de cada vez, mantendo a musculatura ativada.
- Abdominais hipopressivos: exercícios que reduzem a pressão intra-abdominal e ajudam a fechar a separação muscular.
Essas atividades devem ser feitas com orientação profissional de um fisioterapeuta pélvico para evitar sobrecarga e garantir a recuperação eficiente.
Tratamento cirúrgico
Nos casos em que a diástase é mais severa ou não responde aos tratamentos conservadores, a cirurgia pode ser necessária. Existem três principais técnicas cirúrgicas:
- Cirurgia aberta: feita por meio de uma incisão na região abdominal, permite a sutura direta dos músculos retos.
- Videolaparoscopia: procedimento minimamente invasivo, realizado com pequenas incisões e auxílio de uma câmera.
- Cirurgia robótica: utiliza tecnologia avançada para maior precisão na correção da diástase.
Muitas vezes, a diástase vem acompanhada de outras alterações pós-gestação, como flacidez na pele e acúmulo de gordura na região abdominal. Se a paciente desejar, a correção cirúrgica pode ser associada à abdominoplastia e lipoaspiração.
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