O vitiligo é uma doença comum — estima-se que 2% da população mundial seja afetada pela condição. Ainda assim, há muitas dúvidas a seu respeito. Vitiligo tem cura? O que é? Há tratamento? Essas são algumas das perguntas mais frequentes sobre a doença de pele.
Voltando aos números: a condição atinge mais de um milhão de brasileiros, de acordo com o Ministério da Saúde. Com isso, está entre as 25 enfermidades mais comuns do país. Entre os famosos, há pacientes conhecidos, como Luiza Brunet, a modelo canadense Winnie Harlow e o Rei do Pop, Michael Jackson.
Mais recentemente, Kim Kardashian revelou que um dos seus quatro filhos, frutos da antiga relação com Kanye West, também foi diagnosticado. E é para todas essas pessoas que foi instituído o Dia Nacional dos Portadores de Vitiligo, celebrado em 01 de agosto.
A data promove respeito, inclusão e aceitação àqueles que a possuem. Aproveitando a data, AnaMaria esclarece algumas dúvidas comuns sobre a doença de pele. Para isso, conversamos com a dermatologista Flavia Rosalba Rodrigues, do CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas ‘Dr. João Amorim’.
O vitiligo
De início, a especialista explica que as causas exatas ainda não são totalmente compreendidas: “Supõe-se que seja uma combinação de fatores genéticos e autoimunes”. Porém, uma coisa é certa: o vitiligo pode afetar qualquer pessoa, sem distinção de idade, sexo ou etnia.
Este fenômeno pode se desenvolver tanto desde o nascimento ou com o tempo, em qualquer fase da vida. O problema de pele começa com a agressão do próprio sistema imunológico aos melanócitos, as células encarregadas de pigmentar a pele.
Isso leva à destruição ou mau funcionamento, o que gera uma mudança na pigmentação cutânea (na pele). Desta forma, surgem as tradicionais manchas brancas, que podem se expandir pelo corpo de maneira imprevisível, como Rosalba explica.
Além da herança genética, outros agentes podem contribuir para o surgimento ou agravamento do vitiligo. Como exemplo, as questões emocionais, como o estresse: “Podem ter um papel significativo no vitiligo, apesar de não serem a causa direta”.
Lesões na pele e queimaduras solares também podem precipitar o aparecimento das manchas nas áreas afetadas: “Aparentemente, a exposição a alguns produtos químicos e substâncias irritantes pode estar ligada ao desenvolvimento ou piora do quadro”.
Por isso, Rosalba dá dicas do que deve ser evitado:
- Exposição excessiva ao sol: a pele com vitiligo é mais sensível às queimaduras solares devido à falta de melanina. Reduzir a exposição ao sol e usar protetor solar são fundamentais para prevenir danos;
- Estresse excessivo: embora seja difícil evitá-lo, técnicas para lidar com essa reação podem ser úteis. Busque a que melhor se encaixe na sua rotina. “Meditação, yoga e exercícios podem ajudar positivamente”, avalia;
- Dormir tarde e se alimentar mal: é importante manter uma alimentação balanceada e garantir um sono de qualidade. Isso ajuda na redução dos níveis de estresse no organismo.
Vitiligo tem cura? Qual o tratamento?
O diagnóstico do vitiligo é realizado por um dermatologista por meio da observação das manchas da pele. Em outros casos, pode ser necessário realizar um exame de sangue ou outros testes médicos para a confirmação do quadro.
Fui diagnosticado com vitiligo, e agora? Vitiligo tem cura? Não. Por isso, é necessário partir para o tratamento. De acordo com a especialista, há uma série de tratamentos disponíveis para melhorar a aparência da pele e assim reduzir os danos causados pela doença.
Normalmente, o vitiligo não provoca dor, coceira ou outros incômodos físicos. No entanto, as manchas podem causar desconforto emocional nos portadores: “As alterações na aparência, resultantes da doença, podem gerar estresse adicional, ansiedade e impactar a autoestima”.
Os métodos são recomendados individualmente após a avaliação médica. Nos casos mais simples:
- Cremes, que ajudam a reduzir a inflamação e estimular a repigmentação da pele;
- Terapia com luz ultravioleta (UV), que estimular os melanócitos;
- Terapias de camuflagem para cobrir as manchas brancas.
“Em casos mais severos, tratamentos cirúrgicos, como o transplante de melanócitos, podem ser considerados”, acrescenta Flávia, que ressalta a importância do acompanhamento psicológico: “Também é parte essencial, pois ajuda a lidar com todo o impacto emocional causado”.
Além dos tratamentos e do suporte emocional, os portadores de vitiligo também precisam de um cuidado extra com a pele. A dermatologista finaliza com algumas orientações:
- Use protetor solar: a pele com manchas brancas carece de proteção da melanina e é mais suscetível a queimaduras. Para reduzir o risco, inclusive de câncer de pele, use protetor solar com fator de proteção 30 ou superior em todas as áreas expostas do corpo;
- Hidrate a pele: manter a pele bem hidratada é fundamental para evitar ressecamento e irritação. Isso pode ser feito com uso regular de loções, cremes ou óleos hidratantes. “Mas atenção, escolha produtos suaves para não causar irritações adicionais na pele”, ressalta;
- Acompanha as manchas: o monitoramento regular ajuda a notar qualquer mudança. Além disso, as consultas com dermatologistas periodicamente são importantes para avaliar a condição da pele e ajustar o tratamento conforme necessário.
Leia também
- Mattel lança novos modelos de Barbies cadeirantes, carecas e com vitiligo
- BBB 22: Natália diz que sentiu medo de entrar no reality por conta do vitiligo
- Psicólogos recomendam assistir às Olimpíadas: entenda a relação entre esporte e saúde mental