A dor lombar é companheira de 80% da população mundial, segundo a Organização Mundial (OMS). De acordo com um estudo patrocinado pela Fundação Bill e Melinda Gates, que analisou dados em mais de 180 países, essa é também uma das principais causas de incapacidade no mundo.
E o problema não para por aí: de acordo com André Mansano, médico intervencionista da dor, esse tipo de dor tem afetado cada vez mais pessoas: “As dores lombares tornaram-se uma pandemia”, avalia o especialista, que destaca as principais causas:
- Problemas musculares;
- Degeneração de discos intervertebrais;
- Artrose em articulações da coluna;
- Inflamações na articulação sacroilíaca;
- Lesões ligamentares.
Mais do que a postura: o impacto do estilo de vida
A postura incorreta é apontada como a principal vilã em casos de dor lombar. No entanto, o problema pode ter perdido o posto. Mansano explica que o estilo de vida tem um peso muito maior na prevenção e no manejo da lombalgia, como também é conhecida. “Controle do peso, alimentação balanceada, gerenciamento do estresse e prática regular de atividades físicas são fundamentais”, explica o médico.
Entre os hábitos nocivos, o tabagismo se destaca como um fator de risco significativo. Pesquisas indicam que fumantes possuem até quatro vezes mais chance de desenvolver hérnias de disco em comparação com não fumantes. A manutenção de uma rotina saudável, portanto, não apenas reduz o risco de desenvolver dores lombares como também contribui para o bem-estar geral do organismo.
Outro desafio comum é o diagnóstico por conta da identificação dessas causas. Embora exames de imagem, como radiografias, tomografias e ressonâncias magnéticas, sejam amplamente utilizados para avaliar quadros de dor lombar, nem sempre eles conseguem identificar a causa exata do problema.
“É extremamente comum encontrarmos hérnias de disco em pacientes que sequer apresentam dor. Isso reforça a necessidade de interpretação criteriosa desses exames”, alerta o Mansano. A dificuldade diagnóstica reforça a importância do acompanhamento médico especializado, principalmente nos casos onde os sintomas persistem ou estão associados a outros sinais de alerta.
Quando procurar ajuda especializada contra a dor lombar?
Em grande parte dos casos, a dor lombar melhora espontaneamente em poucas semanas. Contudo, há situações que demandam atenção imediata e intervenção médica:
- Dor intensa e repentina após um trauma, que pode indicar fraturas ou lesões graves.
- Histórico de câncer associado à dor lombar, devido à possibilidade de metástase na coluna.
- Perda de peso não intencional junto com dor, o que pode ser sinal de infecção ou câncer.
- Presença de febre, que pode indicar condições como abscessos espinhais ou osteomielite.
- Alterações no controle da bexiga ou intestino, sintomas relacionados à síndrome da cauda equina, uma emergência médica.
- Fraqueza ou dormência progressiva nas pernas, associada à compressão da medula espinhal.
- Dor que piora durante a noite e não alivia com o repouso.
Pacientes acima de 50 anos, crianças e pessoas que fazem uso prolongado de corticoides também devem ser avaliados com maior cuidado, devido ao risco elevado de fraturas e outras complicações.
Prevenção: um compromisso diário
Reduzir o impacto da dor lombar exige uma combinação de estratégias preventivas. Adotar hábitos saudáveis é essencial para proteger não apenas a saúde da coluna, mas também para melhorar a qualidade de vida de forma geral.
Por exemplo, a prática regular de exercícios físicos ajuda a fortalecer os músculos que sustentam a coluna. Além disso, manter o peso corporal adequado reduz a sobrecarga na região lombar, enquanto o controle do estresse minimiza tensões musculares que podem agravar as dores. Evitar o tabagismo é outra medida indispensável, considerando seu impacto negativo direto na saúde dos discos intervertebrais.
Ou seja, embora a dor lombar seja uma condição comum e multifatorial, hábitos saudáveis desempenham um papel central na sua prevenção e tratamento. A postura inadequada, embora relevante, não é mais considerada o principal fator de risco, sendo substituída pela importância de um estilo de vida equilibrado.
O acompanhamento médico segue fundamental, sobretudo em casos de dores persistentes ou associadas a sinais de alerta.