Lilia Cabral voltou à TV em um papel que nunca havia desempenhado. Em Liberdade, Liberdade, novela de Mário Teixeira, ela viveu a cafetina e ex-prostituta Virgínia. Conhecida por personagens fortes, a atriz revela que usa um pouco do seu trabalho para mostrar em que acredita. “Tenho essa postura elegante, mas tenho consciência do que sou como profissional e como mãe de família. Eu luto pelas coisas que eu quero”, diz. Confira!
Você acha que a Virgínia foi uma revolucionária?
Ela lutava pela independência do Brasil e teve uma decepção amorosa. O caminho dela foi a prostituição, mas isso não significa que era inferior. Ela era uma mulher independente e acho que cada mulher que tinha um problema, como engravidar e a família não querer saber do filho, por exemplo, ia por esse caminho, o do abandono. Acho também que, mesmo assim, a mulher sabia como não ser aquela figura submissa aos valores.
A liderança feminina sempre existiu?
A gente não escutava muito falar, mas saiu uma matéria recente falando dessas mulheres que foram revolucionárias, mesmo no século XVIII. No caso da minha personagem, eu procurei não levantar bandeira do feminismo. Até porque nem é essa questão que está ali. Mas acho que a gente tem que defender o que acredita. Quanto mais falar sobre o que acredita, mais as pessoas se convencem daquilo.
Mas você se considera feminista?
Eu defendo aquilo que gosto e como mulher defendo os meus direitos, sim. Aproveito os personagens que eu faço para defender. Eu tenho uma postura elegante, não saio berrando. Mas tenho consciência do que sou como profissional e como mãe de família. Eu luto pelas coisas que eu quero.
Essa é uma das poucas personagens sensuais que já fez. Como se sente?
Uma coisa é você ser sensual e outra coisa é ser erotizada. Eu não fiquei me colocando de uma forma, tipo “ah, agora vou ser sensual”. Quando eu entro na cena, acho que automaticamente as pessoas já devem sentir que é uma mulher sensual. Mas fui
por um caminho doce, não pelo óbvio.
Acha que o sentimento da mulher mudou muito em relação aos relacionamentos? Naquela época as mulheres não podiam
demonstrar o que sentiam…
Acho que muita coisa mudou em relação ao mundo contemporâneo, mas a essência do ser humano é a mesma. O sentimento é
essa essência. Antigamente, ninguém se abraçava e falava eu te amo. Agora todo mundo se abraça, não tem nada demais. As maneiras de lidar com o sentimento são diferentes, mas o amor e também a dor sempre existiram.