O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um distúrbio neurobiológico que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, desde a infância até a vida adulta.
Caracterizado por sintomas como falta de atenção, impulsividade e hiperatividade, o TDAH pode impactar significativamente a vida diária, incluindo o desempenho acadêmica, o ambiente de trabalho e as relações interpessoais. AnaMaria conversou com o neurocirurgião André Ceballos, que nos conta mais sobre essa síndrome e como ela age na vida e nas relações das pessoas.
Como o TDAH é diagnosticado?
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) pode ser identificado e diagnosticado a partir dos 4 a 5 anos, um período em que as crianças estão começando a se integrar ao ambiente escolar e social de forma mais estruturada.
No entanto, realizar um diagnóstico precoce é um desafio, pois muitos dos sintomas do TDAH, como impulsividade e hiperatividade, podem também ser observados em comportamentos típicos da infância. Crianças pequenas, em geral, exibem uma gama de comportamentos energéticos e impulsivos à medida que exploram o mundo ao seu redor e desenvolvem suas habilidades sociais e cognitivas.
“Na primeira infância, crianças com TDAH podem demonstrar dificuldades em manter a atenção em tarefas simples, são frequentemente inquietas, podem ter dificuldades em seguir instruções e apresentam comportamentos impulsivos, como interrupções frequentes ou dificuldades em esperar a vez”, sinaliza André.
O diagnóstico é clínico e baseado em uma avaliação criteriosa que inclui observações comportamentais, histórico médico e escolar, entrevistas com pais e cuidadores e, muitas vezes, o uso de escalas específicas para avaliar o comportamento da criança ou adolescente.
Principais sintomas
Os principais sintomas do TDAH incluem desatenção, hiperatividade e impulsividade, e como esses sintomas se manifestam pode variar significativamente ao longo das diferentes fases da vida.
Desatenção é um sintoma central do TDAH e pode se manifestar em dificuldades persistentes em manter o foco, esquecer compromissos ou perder objetos pessoais. Em crianças, isso pode se traduzir em dificuldade em prestar atenção nas instruções dos professores ou na realização de tarefas escolares. Para adolescentes e adultos, a desatenção pode resultar em esquecimentos frequentes, desorganização e dificuldades em gerenciar responsabilidades diárias, como compromissos e prazos no trabalho.
Hiperatividade é um sintoma que tende a ser mais visível em crianças. Isso pode incluir comportamentos como correr ou subir em móveis de maneira descontrolada, falar excessivamente e dificuldade em permanecer sentado por períodos prolongados. À medida que a pessoa envelhece, a hiperatividade pode diminuir, mas pode se manifestar como uma sensação interna de agitação e inquietação, dificultando o relaxamento ou a capacidade de permanecer concentrado em uma tarefa por muito tempo.
Impulsividade é outro sintoma comum, manifestando-se em comportamentos como agir sem pensar nas consequências, interromper os outros durante conversas ou tomar decisões apressadas. Em crianças, isso pode se evidenciar como dificuldade em esperar a sua vez ou responder impulsivamente a perguntas. Em adolescentes e adultos, a impulsividade pode se traduzir em dificuldades com planejamento e organização, além de problemas em controlar impulsos em contextos sociais e profissionais.
Em todas as faixas etárias, a combinação desses sintomas pode levar a desafios significativos no dia a dia, afetando o desempenho acadêmico, a vida profissional e as relações pessoais. A persistência desses sintomas ao longo da vida é um aspecto crucial para o diagnóstico e tratamento eficaz do TDAH.
O manejo eficaz do transtorno geralmente envolve uma combinação de estratégias comportamentais, suporte educacional e, quando necessário, tratamento médico para melhorar a qualidade de vida e o funcionamento geral do indivíduo.
Gabrielle Cosendei, que foi diagnosticada com TDAH aos 17 anos, relata um pouco sobre como é viver com a síndrome: “Lembro que quando o médico me diagnosticou eu fiquei recusando a acreditar que eu tinha TDAH, eu disse para o médico que não aceitava o diagnóstico, que estava errado, que, na verdade, eu só era uma adolescente rebelde. Demorou uns 2 anos para eu aceitar meu diagnóstico, antes eu tinha vergonha de falar, eu sentia que ninguém iria me aceitar por ter TDAH (não era um assunto muito comentado na época). Até na entrevista de emprego eu já deixo claro e, mesmo após o meu diagnóstico, as pessoas ainda não entendem que meu cérebro, meu raciocínio, funciona de uma forma diferente. Só em 1 minuto, passam 300 pensamentos na minha cabeça, desorganizados, geniais, meio burros.”
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Gerencie os sintomas
Há várias estratégias eficazes para gerenciar os sintomas do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), que podem ajudar a melhorar a qualidade de vida e a funcionalidade geral. Entre essas estratégias, André destaca as principais:
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Organização e planejamento: use listas de tarefas, cronogramas e lembretes para manter o foco e a organização. Ferramentas como aplicativos de gestão de tempo ajudam a priorizar e lembrar compromissos;
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Mindfulness e técnicas de foco: pratique mindfulness e técnicas de respiração para melhorar a concentração e reduzir a impulsividade, aumentando a consciência do momento presente;
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Terapia cognitivo-comportamental (TCC): a TCC ajuda a modificar padrões de comportamento e pensamento, oferecendo estratégias para enfrentar desafios específicos do TDAH;
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Exercícios físicos regulares: a atividade física regular melhora a atenção, reduz a hiperatividade e promove o bem-estar geral;
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Ajustes no ambiente: organize seu espaço de trabalho para minimizar distrações e melhorar a produtividade.
“As abordagens mais comuns incluem o uso de medicação estimulante, como metilfenidato, que ajuda a regular os neurotransmissores no cérebro, e a terapia comportamental, que trabalha para ensinar habilidades práticas e estratégias de enfrentamento. Em conjunto, essas abordagens podem melhorar significativamente a qualidade de vida, o desempenho escolar e profissional, e os relacionamentos interpessoais”, comenta o especialista.
Para um gerenciamento eficaz do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), é crucial ter uma rede de apoio robusta, composta por profissionais de saúde, familiares e amigos. Profissionais de saúde, como médicos e terapeutas, são fundamentais para o diagnóstico e tratamento, desenvolvendo planos personalizados para o manejo do transtorno.
Familiares desempenham um papel vital ao ajudar com organização, cronogramas e lembretes, além de fornecer suporte emocional e encorajamento contínuo. Amigos também são importantes, oferecendo suporte emocional e prático, ajudando a manter a motivação e servindo como um espaço seguro para desabafos. Além disso, é essencial evitar julgamentos e buscar informações sobre o TDAH para promover uma compreensão mais profunda e empática do transtorno.
Por fim, a paciência é crucial; um ambiente de apoio constante e compreensivo ajuda a enfrentar os desafios diários do TDAH de maneira mais eficaz.
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