Você sabe o que é o chip da beleza? A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou, na última sexta-feira (18), a suspensão da manipulação, comercialização, publicidade e uso de implantes hormonais manipulados.
Chip da beleza ou implante hormonal para tratamento de doenças?
Popularmente conhecido como chip da beleza, nada mais é que um dispositivo usado em terapias hormonais com fins estéticos e para tratar sintomas de menstruação e menopausa. Ele já foi alvo de restrições pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que aponta riscos à saúde associados ao seu uso.
Famosas como Deborah Secco, Juju Salimeni e Mariana Goldfarb já fizeram o uso do chip da beleza. A decisão da Anvisa foi motivada por denúncias de entidades médicas que alertaram sobre o aumento da utilização desses implantes no Brasil. A agência classificou a medida como uma ação preventiva diante do número crescente de casos registrados.
Os perigos do chip da beleza
A ginecologista Isabela Melo salienta os perigos associados ao uso dos chips da beleza, que incluem AVC e problemas renais. “Os principais riscos incluem danos cardiovasculares e problemas nos rins e no fígado, que podem aumentar o risco de carcinomas hepáticos. Também há implicações psicológicas, como a ativação de estados depressivos e de agressividade”, explica à AnaMaria.
Mas, não para por aí. A ginecologista Émile Almeida também destaca os principais riscos associados ao uso do chip da beleza, que incluem acne, crescimento excessivo de pelos, queda de cabelo, hipertrofia clitoriana, alteração na voz, além do aumento dos níveis de colesterol e triglicerídeo.
A decisão da Anvisa e do CFM se baseia na falta de comprovação da eficácia do chip da beleza. “Falta de estudos de farmacocinética e estabilidade, não há controle dos lotes dos medicamentos manipulados, risco de contaminações e uso de implantes sem indicação médica, voltado apenas para fins estéticos”, diz Isabela.
Devido à escassez de estudos disponíveis, muitos riscos e efeitos colaterais ainda não são totalmente compreendidos, o que representa um grande problema. Tal falta de segurança é um dos fatores que fizeram a Anvisa e o CFM optar pela suspensão desses dispositivos.
“Não há bula, e para que um medicamento tenha bula, ele precisa passar por estudos em três fases, que determinam as melhores doses, analisam os efeitos colaterais, a toxicidade e a eficácia. Esses hormônios manipulados não têm essas evidências científicas, e essa lacuna é alarmante. Embora os implantes possam ser seguros, sem estudos concretos, não podemos afirmar isso”, comenta Émile.
Existem alternativas
A indústria possui algumas alternativas mais seguras e eficazes do que o chip da beleza– que nunca foi a primeira opção, segundo Isabela.
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“Existem cremes e adesivos com perfis de segurança adequados e doses determinadas que podem ser usadas”, afirma. Ela ainda menciona que sintomas da menopausa e da menstruação, como ondas de calor e problemas geniturinários, podem ser tratados de forma segura sem a necessidade do chip da beleza.
Émile lembra que os hormônios bioidênticos já são utilizados há muito tempo para a terapia hormonal. “O problema não é a via (implante), e sim os hormônios que estão sendo indicados nos pacientes”, afirma.
Ela critica o uso estendido de implantes e a manipulação de substâncias químicas, que ultrapassam os limites da ética e da boa prática médica.
“Esse nome, ‘chip da beleza’, incentivou muitas mulheres a optarem por esses hormônios manipulados. Sou totalmente contra o uso de hormônios para fins estéticos. Acredito na medicina baseada em evidências, e essa concessão é consequência do mau uso que estamos observando. Os hormônios não são isentos de efeitos colaterais”, afirma.
A médica destaca que muitos pacientes podem ser prejudicados por conta dessa desoneração, ficando sem acesso a uma via que poderia beneficiá-los, em razão da falta de responsabilidade de alguns médicos e da fiscalização dos órgãos competentes.
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