É cada vez mais frequente o desejo de algumas mulheres em parar o uso da pílula anticoncepcional. A lista de dúvidas costuma ser imensa, principalmente para aquelas que já fazem uso há muito tempo e estão completamente adaptadas.
De forma geral, após avaliar as vantagens e desvantagens de uma forma individualizada e sempre conversando com o seu ginecologista, a decisão e escolha será sempre SUA!
Mas será que o processo de parada tem muitos efeitos colaterais? Para tirar todas as nossas dúvidas, conversei com o ginecologista Fabiano Serra, que é especialista em saúde da mulher, para descobrir tudo sobre o assunto.
Segundo ele, de uma maneira geral, deve-se avaliar se o motivo do uso do anticoncepcional é somente para evitar gravidez ou se está relacionado, também, ao controle de alguma alteração hormonal ou doença. “Entenda melhor as razões que estão te levando a parar com o medicamento e veja em qual você se enquadra”, ressalta o médico.
Separamos os principais motivos que levam a parada do anticoncepcional:
1) QUERO ENGRAVIDAR
Antes de parar com o medicamento, o mais aconselhado é procurar seu ginecologista para fazer uma consulta pré-concepcional. Ela serve para detectar anormalidades que podem ser tratadas, orienta sobre vacinas importantes, uso de ácido fólico e sobre o processo gestacional, dentre inúmeros outros benefícios.
Em relação ao retorno à fertilidade, pode ser imediato ou em curto prazo para pacientes que usam métodos orais (pílula), adesivo, anel vaginal ou DIU (cobre ou Levonorgestrel – Mirena). Para aquelas que fazem uso de injetáveis, pode demorar um pouco mais.
2) QUERO CONHECER MEU CORPO
É cada vez mais comum ver mulheres que fizeram o uso de anticoncepcional por vários anos -muitas desde a adolescência- que decidem parar para entender melhor seu corpo, ver seu ciclo e fluxo menstrual, além de variações hormonais, influência em pele e cabelos e no apetite sexual. Tudo isto é realmente válido, desde que a mulher seja bem orientada em relação às alterações que ocorrerão e sobre possibilidade de gravidez, caso não se previna de outras formas (camisinha, por exemplo).
“Para estes casos, uma alternativa de anticoncepção interessante é a inserção do DIU de cobre, que não possui hormônios e, portanto, não modifica os hormônios naturais produzidos pelo corpo, mas que pode aumentar o fluxo menstrual e as cólicas”, diz o expert.
3) TENHO MEDO DE TROMBOSE
De acordo com o médico, o aumento no risco de trombose para pacientes que usam anticoncepcionais com estrogênio, em número absoluto, é muito baixo. Na população geral, existe a possibilidade de se ter trombose independentemente do uso de hormônios.
Este risco é de cerca de 3-4 casos a cada 10 mil mulheres. Naquelas que fazem uso de estrogênio, o número sobe para 6-8 a cada 10 mil mulheres. “Comparando com o risco de trombose na gravidez e pós-parto, que vai para 40 casos a cada 10 mil mulheres, engravidar de forma indesejada pode ser mais arriscado do que usar os hormônios”, ressalta Fabiano.
4) ENGORDEI POR CAUSA DO ANTICONCEPCIONAL
Segundo o médico, dificilmente o ganho de peso está relacionado ao uso da pilula. O que acontece é que alguns produtos dão retenção de líquidos e, por isso, causam a sensação de que houve ganho de gordura. “Essa retenção costuma diminuir após os primeiros meses de uso, existindo ainda formulações que têm menos risco de “inchaço”.
Apesar de ganhos de peso importantes, em geral, não estarem relacionados ao uso do medicamento, a exceção é a injeção trimestral que pode, sim, estimular esse aumento na balança.
5) MINHA LIBIDO ESTÁ MUITO BAIXA
Se o seu apetite sexual está reduzido, realmente pode estar associado ao uso do anticoncepcional. Você deve se perguntar se este ocorrido é recente ou se é algo que se iniciou com a introdução do hormônio, pois a queda de libido pode estar relacionada a outros fatores. Conversar com seu médico pode te ajudar esclarecer isso. Se a suspeita for forte, uma boa alternativa é o DIU de cobre.
Agora se a sua questão for usar o anticoncepcional para tratar alterações ou doenças como Endometriose, Adenomiose, Síndrome dos Ovários Policísticos, controle de irregularidade menstrual, cólicas menstruais, fluxo intenso, controle de aparecimento de pelos e de acne, além de redução da famosa TPM, essa suspensão precisa ser avaliada com mais critério.
*BIANCA VILELA é mestre em fisiologia do exercício pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), palestrante e produtora de conteúdo. Desenvolve programas de saúde in company em grandes empresas por todo o país há mais de 15 anos. Na AnaMaria fala sobre saúde no trabalho, produtividade e mudança de hábitos. Instagram: @biancavilelaoficial