Mc Guimê, MC Cabelinho, MC Daniel e tantos outros: o mundo dos famosos está cheio de nomes artísticos que começam do mesmo jeito, com a sigla MC. Atualmente grandes no cenário musical, Anitta, Ludmilla e Naldo também já usaram o prefixo. Mas, afinal, qual é o significado de MC? AnaMaria Digital te explica!
Antes de mais nada, é preciso fazer uma comparação com outro apelido bastante comum no mundo da música: DJ. O termo, que é uma abreviação da sigla em inglês disk jockey, era inicialmente usado para definir o profissional responsável por tocar as músicas em um evento, seja por disco ou CD, animando os presentes.
Com a evolução tecnológica e o abandono dos CD’s, o termo perdeu o sentido literal. Tal como o MC, que transmite o significado de Mestre de Cerimônia. Muitos cantores ainda dividem a mesma nomenclatura de apresentadores de festas e outros eventos, não necessariamente ligados à música.
No entanto, apesar das similaridades, os dois termos também carregam distinções. Além das diferenças linguísticas, já que a sigla mantém o som da pronúncia em inglês (deejay), enquanto a alcunha brasileira foi aportuguesada para o “eme ci”, os termos também carregam separações culturais.
PRECONCEITOS
Não faltam exemplos de DJ’s reconhecidos mundialmente na área musical – no Brasil, um dos grandes exemplos é Dennis DJ, dono de grandes sucessos e que acumula milhões de seguidores nas redes. Ao mesmo tempo, o sucesso dos MC’s é acompanhado de alguns preconceitos.
O prefixo, que carrega forte influência dos DJs dos Estados Unidos, chegou ao Brasil quase que ao mesmo tempo do funk. Enquanto o ritmo musical – também influenciado pela cultura estadunidense, foi importado nos anos 1970, os primeiros MC’s começaram a despontar duas décadas depois.
Como as músicas do gênero ficaram famosas principalmente em áreas marginalizadas e de maior concentração de pobreza – como as comunidades cariocas, uma grande parcela da sociedade passou a não receber bem o ritmo e seus porta-vozes.
O esteriótipo de que as músicas abordavam exclusivamente temas como tráfico, drogas e dinheiro trouxe problemas para os MC’s. E isso pode ter sido fator determinante para alguns cantores optarem por abandonar o prefixo e adotarem outros nomes artísticos.
RESISTÊNCIA?
Depois de muitas referências largarem os nomes originais, como é o caso de Anitta, que começou como MC Larissa, Naldo Benny, antigo MC Naldo e Ludmilla, inicialmente conhecida como MC Beyoncé, um certo movimento de resistência surgiu.
MC Koringa, que usa o termo até hoje, falou sobre o tema lá em 2013: “Ao tirar o ‘MC’ do nome, o artista quebra um pouco do preconceito que existe no funk e abre um novo mercado. Resolvi fazer o caminho mais difícil: tirar o preconceito do nome ‘MC’ em vez de tirar o ‘MC’ do meu nome”.
E ele seguiu: “Estamos tendo a oportunidade de mostrar para o mundo que o funk é popular e é música da Copa das Confederações, da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Então, por que não vou dar essa contribuição para que o funk seja cada vez mais forte?”
VARIEDADE DE MC’S
Apesar da onda do passado ter afetado diretamente o batismo de muitos artistas da nova geração do funk, outros preferem manter as origens. Como é o caso de MC Poze do Rodo, que quebrou a barreira do funk carioca e leva seus sucessos para todo o país.
Antes voz do chamado “funk de apologia”, conhecido por detalhar a vida criminosa, hoje o carioca é potência no funk ostentação, popularizado com forte influência de MC Guimê. MC Cabelinho é mais um exemplo: venceu o preconceito e faz sucesso não só na música como também na atuação – ele interpreta o Hugo de ‘Vai na Fé‘, novela das sete da Rede Globo.
E por falar do marido de Lexa, o cantor é um dos maiores expoentes da famosa vertente da ostentação no ritmo musical, principalmente em São Paulo. Depois de Guimê, nomes como MC Daniel, MC Ryan SP, MC Hariel e MC Don Juan também ficaram famosos no funk com MC em seus nomes artísticos.