Comandado por Camilo Santana, o Ministério da Educação busca suspender a implementação do novo Ensino Médio. Nesta segunda-feira (3), o órgão finalizou uma portaria que promete interromper o cronograma de implementação do projeto em 2023, além de trazer mudanças para o Enem.
O ato administrativo, que deve ser assinado pelo ministro ainda nesta semana, terá a função de alterar a norma criada em 2021 pelo então presidente Jair Bolsonaro. Além de cessar a adaptação ao novo modelo institucional e suspender mudanças no Enem até 2024, a portaria também exclui a necessidade de um novo modelo para o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) em 2024 – que era anteriormente atualizado a cada dois anos.
DECISÕES
Segundo fontes do jornal O Globo, Santana concorda com as críticas ao modelo, mas não tomará decisões drásticas – como a revogação total – visando um possível estremecimento de suas relações com políticos que defendem a reforma. O ministro garantiu que nada será revogado sem que haja ampla discussão.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entretanto, já demonstrou indignação com a estruturação da educação atual. Em março, ele admitiu que o Ensino Médio ‘não ficará como está’.
Segundo o líder do Executivo, Camilo terá a função de discutir com os sindicatos e estudantes sobre os novos rumos do Ensino Médio no Brasil antes de tomar uma decisão final.
A medida implantada há dois anos dividiu opiniões dos cidadãos. Desde o início do governo, os militantes na área da educação estavam pressionando o Executivo pela revogação da Reforma do Novo Ensino Médio. Segundo eles, o modelo de ensino intensifica desigualdades educacionais e não foi implementado com investimento e ordem. Já os governos estaduais resistem na revogação, pois são os responsáveis pelo investimento nas escolas públicas.
O NOVO ENSINO MÉDIO
A reforma foi aprovada em 2017, durante o governo do ex-presidente Michel Temer. O modelo educacional prevê aumento gradual nas horas cursadas no Ensino Médio, e promete reorganizar o currículo estudantil.
Os alunos recebem uma formação básica geral de todas as áreas, e podem escolher em quais delas desejam se aprofundar baseado em seus interesses no chamado “itinerário formativo”. Os jovens devem escolher entre Matemática, Linguagens, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e formação profissional.