Terminou sem deixar saudade… A Regra do Jogo, de João Emanuel Carneiro. Incrível como um autor pode ser tão bem-sucedido em uma novela e não conseguir se encontrar em outra. O tanto quanto o público amou Avenida Brasil, ele passou batido por A Regra do Jogo. Assistiu por hábito.
E penso ser difícil para o elenco carregar nas costas, por 174 capítulos, uma novela emperrada. Todos excelentes profissionais, e não conseguiram criar verdadeiramente seus personagens. Por que eles, os personagens, não tinham direção a ser seguida. Giovanna Antonelli (Atena) estava exausta, no final.
Em matéria de talento, quem realmente dominou a trama foi Tonico Pereira (Ascânio). Sei pouco dele como pessoa, porque como todo talentoso, é discreto. Mas sei do seu personagem, o mais bem construído. Aquele velho escroto, mau caráter, covarde, perigoso, alcoviteiro que todas as noites nos ensinava que não é todo velho que merece respeito, porque os canalhas também envelhecem.
Tão sujo que eu sentia o mau cheiro dele na minha sala. Aquele olhar de pervertido capaz de qualquer baixeza para se dar bem, qualquer coisa, desde que o ajudasse a carregar aquela vida miserável. Não sei se a vida cobrou um pedágio pesado, Ascânio, ou se é de sua natureza cultivar a vilania. A mim, resta aplaudir de pé Tonico Pereira.