Aos 71 anos, Wanderléa encara a maratona de cinco apresentações semanais do espetáculo 60! Uma Década de Arromba, em cartaz no Theatro Net, em São Paulo, de quinta a domingo (no sábado são duas sessões). Nas folgas, dedica-se à biografia que lançará no final do ano e a um disco de canções inéditas. Nos bastidores do musical, ela concedeu uma entrevista exclusiva à AnaMaria para falar sobre seu atual momento profissional, e relembrar a jovem guarda, além de falar do machismo do pai e de como enfrentou a depressão em um tempo em que a doença era desconhecida. Confira os principais trechos do bate-papo.
O MUSICAL
“O diretor Frederico Reder e o roteirista Marcos Nauer me convenceram a fazer o 60! Uma Década de Arromba. Demorei quase um ano para aceitar, mas quando vi que se tratava de um projeto sério embarquei. Recebemos um público apaixonado e feliz!”
FAMÍLIA EM CENA
“Eu já trabalhava com o meu marido [o guitarrista Lalo], que é produtor dos meus discos e shows, e a nossa filha, Jadde, que nos acompanhava tocando pelo Brasil. Quando me convidaram para o musical, não podia fazer um trabalho tão longo longe deles. Aí, eles vieram junto!”
CASAMENTO MODERNO
“Depois de o Lalo ter me ajudado a criar nossas filhas, resolvemos morar em casas separadas. Como a gente sempre trabalhou junto, passávamos muito tempo grudados. E todo mundo precisa do seu espaço. No começo, morávamos em casas próximas. Agora estamos em bairros diferentes, mas sempre juntos.”
QUASE MÉDICA?
“Quando criança, já queria ser cantora, mas também falava em ser médica. Acompanhei muitos casos ligados à minha família e os médicos diziam que eu era boa enfermeira. Mas cantar está no meu sangue. Com 3 anos já dizia ‘ainda vou cantar nessa rádio’. E esse sonho me persegue até hoje.”
BOA FORMA
“Faço alongamento todos os dias, mas nunca tive disposição para malhar. Há cinco anos pratico pilates. E também cuido da alimentação para estar bem no palco.”
MACHISMO
“Comecei a ganhar dinheiro com o meu trabalho muito cedo e meu pai se incomodou quando passei a faturar mais do que ele, que insitia para eu não seguir a carreira artística. Meu pai considerava minhas roupas exageradas e se incomodava com a minha atuação na vida, pois fui criada para ser mãe e dona de casa. Minha mãe sempre foi uma aliada.”
GRÁVIDA… E NUA!
“Quando fiquei grávida, mostrava minha barriga em casa muito orgulhosa e minha vó ficava horrorizada. Então, descobri que a geração dela tinha esse pudor com a gravidez, que eu achava o momento mais pleno da mulher. Como havia recebido muitos convites para posar nua e nunca havia aceitado, achei interessante fazer essas fotos grávida. E posei para a revista Status, com o Tripolli. Um trabalho inusitado e bonito. Fiz muito antes da Demi Moore nos Estados Unidos.”
DEPRESSÃO
“Quando meu irmão e meu pai faleceram, tive início de depressão em uma época em que não sabíamos o que era isso. Eu ficava triste, sem
vontade de comer, de viver… Hoje, entendemos a doença e a ciência consegue te tirar desse buraco, principalmente quando a gente assume que precisa de ajuda. Na vida, a gente aprende, principalmente, nas situações difíceis, em que refletimos e questionamos. Todo ser humano
tem que dar a volta por cima e continuar.”
NOVOS PROJETOS
“O Marcus Preto está produzindo um trabalho inédito para mim com músicas novas do Erasmo Carlos, do Paulinho Moska, da Marisa Monte, do Arnaldo Antunes… No final do ano, será lançada a biografia que estou escrevendo há 20 anos. Contarei um pouco sobre os bastidores da minha vida e do meu crescimento como pessoa, principalmente.”
NAMORADA DO REI?
“Até hoje as pessoas têm curiosidade de saber se namorei Roberto Carlos e Erasmo. E mesmo eu já tendo falado sobre isso por várias vezes, querem que eu diga com todas as letras ‘namorei mesmo!’ Faz parte do imaginário nacional.”
CARROS IMPORTADOS
“Eu vivia competindo com Roberto e Erasmo, que tinham uns carrões. Então, eu comprava uns modelos importados. E o meu pai achava que
mulher não deveria dirigir… Para contestar, além de dirigir, comprava uns carrões importados poderosos. Mas comecei a ficar triste, porque,
já naquele tempo, o país passava por dificuldades. Me constrangia ver as pessoas humildes chamando por mim enquanto eu passava em um
carrão conversível. Comecei a ter a sensação de que estava ostentando e aquilo me incomodava.”