Interprete de Milu, na novela “O Sétimo Guardião”, a atriz Zezé Polessa revela que é mística como sua personagem. Nesta entrevista exclusiva para AnaMaria, ela também revela as filosofias e crenças que regem sua vida.
Como você resume a Milu?
Ela é uma moradora de Serro Azul [cidade fictícia da novela], mas não sei muito da história pessoal da Milu. Parece que é uma mulher reservada, esotérica, sensitiva… Ela deve ter sido uma criança sensitiva que cresceu e montou essa loja de produtos esotéricos. Milu é uma conhecedora de ervas curativas que receita banhos. Além disso, tem bola de cristal, tarô, pedras, runas… Mas se trata de alguém séria, não é uma charlatã. Porém, é humana, então, ela erra.
E atuar naquela cidade cenográfica ajuda?
Quando você entra na cidade, tem a sensação de que se trata de um lugar em que já foi em Minas, no interior de São Paulo, tem uns cantinhos que parecem Paraty [RJ]. A primeira vez em que estive lá à noite, fui entrando e pensando que já havia estado naquele lugar.
Você tem alguma característica dessa personagem?
A gente sempre tem características dos personagens, principalmente quando são bem escritos, humanos… Eu tenho uma ligação forte com o esoterismo, embora não seja esotérica, não sou uma xamã. Mas quando a barra pesa posso recorrer ao esoterismo, penso em consultar o tarô, os astros…
Então você acredita?
Eu acredito, tenho fé. Sou muito sensível a banhos de ervas. Faço um banho de rosas brancas, com umas gotinhas do meu perfume e isso já muda a minha energia. Gosto de incensos pela casa, óleos essenciais. Gosto de ter cristais comigo. E eu queria, com a Milu, fazer uma homenagem às pessoas que, como ela, são sérias.
A novela tem aquela famosa fonte da juventude. Você tem medo de envelhecer?
Não tenho esse medo. E estou me sentindo adentrando nos anos [risos]. Mas não me sinto velha. Há 20 anos tenho um preparador físico, mas mudou de ramo e não estamos mais trabalhando juntos…
Não está fazendo nada?
Faço ioga, estou em uma academia… Antes, esse preparador vinha à minha casa. Então, mesmo com novela, a gente dava um jeito. Agora, tenho horas marcadas com um personal da academia.
Você parece ter o mesmo corpo desde a adolescência…
Tenho um vestido que fiz para mim quando tinha 18 anos e está no meu armário. Eu sou muito ligada ao meu corpo, nas possibilidades expressivas dele, na agilidade, no movimento… Eu li uma coisa muito bonita do Nietzsche [filósofo alemão]: ele fala que o ser humano vive em uma corda bamba, em cima do abismo, entre o animal e o super-homem. Às vezes, a gente olha para trás e se desequilibra. Aí, fica preocupado com o que vem pela frente, ele diz que é o pôr do sol, a morte. Para ele, um estado da gente que alivia um pouco a tensão de viver é a dança, pois com ela você está sempre em equilíbrio, quase como se você fosse voar.
É uma bela observação…
Toda crítica do Nietzsche é que a vida foi ficando tecnológica e afastando o homem do seu corpo. Então, tudo é a razão. E a razão cria uma realidade em que todo mundo acredita, a tal da verdade. Mas a razão não cria verdade nenhuma, apenas pensamento. Quem cria a verdade é o corpo. Com isso, descobri que, talvez, eu tenha uma coisa filosófica com o meu corpo, pois é um corpo que olha para trás, se desequilibra… Talvez, por conta do trabalho, tenho bastante consciência do meu corpo.
De que maneira percebe isso?
Outro dia eu queria colocar um short e achei que a minha perna não estava muito boa. Isso é envelhecimento? Não, é falta de exercício [risos]. Claro, se você tem 20 anos e não faz exercício, a perna estará boa de qualquer maneira. Adélia Prado diz que bom para a pele é ter 15 anos.
Que cuidados tem com a pele?
Todos. Eu acredito em cremes [risos]. Hoje, depois da gravação, tirei a maquiagem e usei a amostra grátis de um creme que prometia um lift instantâneo. Apliquei e fiquei parada pensando na pele se esticando [risos].
A novela também fala que os guardiões guardam um segredo. Você sabe guardar segredo?
Sei, mas não gosto daquela pessoa que te conta algo e pede para não falar a ninguém. Porém, ela própria sai dali e conta para a primeira pessoa que encontra no caminho. Guardar segredo é um sacrifício, porque a gente gosta de falar. É horrível quando você está guardando um segredo e fala sem querer, você sofre. Uma amiga separou do marido e não contou para a mãe. Aí, fomos na casa da senhora e ela me disse para eu não falar nada sobre. A primeira coisa que ela disse quando abriu a porta foi: “Mãe, me separei!” [risos].