Sari Corte-Real foi condenada a oito anos e seis meses de prisão por abandono de incapaz, o que resultou na morte de Miguel Otávio de Santana, de 5 anos, que caiu de um prédio de luxo no Recife, em 2 junho de 2020, após ficar sob os cuidados de Sari, que era patroa da mãe dele. De acordo com o G1, a sentença foi divulgada pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) na noite desta terça-feira (31).
No momento do acontecido, o menino estava sob responsabilidade da primeira-dama de Tamandaré , enquanto Mirtes Santana, empregada doméstica da família, passeava com a cadela dos patrões. Ela deixou Miguel sozinho dentro de um elevador, e ele caiu do 9º andar do Condomínio Píer Maurício de Nassau.
Segundo o juiz José Renato Bizerra, titular da 1ª Vara dos Crimes contra a Criança e o Adolescente da Capital, Sari Corte Real deve iniciar o cumprimento da pena em regime fechado. Apesar disso, ela ainda tem o direito de recorrer em liberdade (veja vídeo abaixo).
Vale ressaltar, no entanto que, de acordo com o TJPE, como a pena foi superior a quatro anos de reclusão, ela não pode ser substituída por período similar em restrição de direitos, como prestação de serviços a comunidades, por exemplo.
COMO FOI?
Em entrevista ao ‘Fantástico’, em 2021, Sari afirmou que, na ocasião, Miguel abriu a porta do apartamento para ir atrás da mãe e empregada doméstica Mirtes, que estava passeando com os cachorros.
De acordo com a primeira-dama, o menino correu para chamar o elevador e abriu a porta. Ela afirmou ter o repreendido e não ter apertado nenhum botão. “Eu digo: ‘Miguel, você não vai descer. Volta para casa, espera sua mãe.’ Não apertei. Eu só botei a mão, fazendo de uma forma como se eu fosse acionar.”
JUSTIFICATIVAS
Questionada sobre o motivo de sua atitude, Sari disse que era uma tentativa de fazer Miguel voltar para o apartamento. “Minha última alternativa para ver se eu convencia ele a sair. Para ver se dessa forma, se ele achasse que ia ficar lá, ele fosse sair.” Ela disse que não acreditou que Miguel corria risco de vida ao pegar o elevador sozinho e que não imaginava a tragédia.
Sobre o porquê de não ter levado a criança de volta ao apartamento, Sari justificou que não tinha intimidade para repreendê-lo. “O maior contato que eu tive com Miguel foram nesses dois meses na pandemia e, todas as vezes que precisou ser chamada a atenção dele, todas as vezes, eu solicitava ou a mãe ou a avó que fizessem isso. Eu nunca me dirigi diretamente a ele para repreender ele em nada. Sempre a mãe ou a avó. Eu não me senti segura para isso.”
CULPA
Ao ser questionada sobre o sentimento de culpa ou arrependimento, Sari disse que voltaria no tempo para mudar o ocorrido. “Eu sinto que eu fiz tudo que eu podia. E, se eu pudesse voltar no tempo, eu voltava. Se eu soubesse que tudo isso ia acontecer, eu voltava no tempo e ainda tentava fazer mais do que eu fiz naquela hora.”
Já sobre o que faria de diferente, a primeira-dama ficou sem saber o que responder em um primeiro momento, e em seguida disse que teria esperado mais por Miguel no elevador. “Não sei, não sei dizer. Eu só sei que eu fiz, naquela hora, tudo o que eu podia. E, em nenhum momento, eu fiz nada prevendo o que aconteceu.”