Lutar por amor. Não consigo imaginar combate mais sem sentido. Quando escuto alguém dizendo, com a voz cheia de orgulho, que vai lutar para o casamento dar certo ou que está investindo naquela que é a grande paixão, meu único pensamento é: que desperdício de tempo, de esforço e, principalmente, de autoestima. O mais engraçado é que a pessoa realmente acha que está fazendo algo nobre, mas, na verdade, está se negando a entender que essa é uma batalha perdida antes mesmo de começar e por uma só razão: para quê serve esta peleja?
Está lutando para convencer um ser humano livre de que ele deve ficar enlaçado a você porque este é o “seu” desejo? Está guerreando para provar que é imprescindível na vida de quem simplesmente não sente da mesma forma? Sabe qual é a impressão? Que existe uma intenção de vestir a ideia fixa com o uniforme solene da determinação, atribuindo uma conotação épica ao fato: “visto uma armadura reluzente e, como um guerreiro medieval, vou a campo e arrebato meu grande amor”. Ah, para, né? Desse jeito o objeto amado não é conquista. Na melhor das hipóteses, é prisioneiro de guerra.
Lutar por amor não é mandar flores incansavelmente, escrever poesias e jurar de pé junto que vai mudar. O projeto é justamente o contrário: a mudança deve acontecer antes, de maneira solitária, para depois se pensar em poesias e flores. Essa sim é a verdadeira guerra santa, aquela que se trava consigo mesmo. O resto é consequência.
DEU MATCH?
É – ou deveria ser – simples: duas pessoas se aproximam, se apaixonam e bingo. Que maravilha. Deu match. Porém, a partir do momento que você precisa traçar estratégias, mapear rotas, que não seriam naturalmente as suas, e aparelhar armadilhas o amor já ficou em segundo plano e o que está importando é a vitória, uma grande obstinação e a imposição de sua vontade.
Às vezes o amor ocupa só um dos corações e isso é triste sim, não dá para negar. Mas esse deveria ser considerado o fim da linha. Lamentar a própria sorte, chorar rios e maldizer o destino faz parte desse processo de desapego, no caso de um amor não correspondido.
E, a partir daí, a luta deveria ser exclusivamente por se reerguer. Buscar novos horizontes e propósitos. Sair de cena com dignidade e não recolhendo seus cacos. Não tem brio algum ficar atrás de quem não te quer, ainda que a empreitada acabe bem-sucedida – leia-se vencer pelo cansaço.
Compensa? Compensa vencer essa tal luta e se manter atado a alguém que não te enxerga como primeira opção? Vale gastar tanta munição só pela ilusão de que venceu, quando, na verdade, vão sobrar perdedores para ambos os lados?
WAL REIS é jornalista, profissional de comunicação corporativa e escreve sobre comportamento e coisas da vida. Blog: www.walreisemoutraspalavras.com.br