Aos 62 anos e com vários personagens marcantes em sua trajetória, Rosi Campos volta a roubar a atenção do público com sua divertida Eponina, na novela Êta Mundo Bom!. A saga da caipira para achar marido não poderia ser mais desastrosa! Cômica por si só, a situação fica ainda mais engraçada com a “ajudinha” de seus familiares nada discretos, que estão doidos para vê-la entrar na igreja a todo custo, de preferência para selar o matrimônio com um homem rico. E os diálogos com a Mafalda (Camila Queiroz)? Hilários! Graças a conflitos bem- humorados, Êta Mundo Bom! vem conquistando cada vez mais espectadores, e registra a melhor audiência para o horário dos últimos seis anos! Rosi conversou conosco sobre o sucesso da trama e outros aspectos interessantes de sua vida.
Como está sendo participar de Êta Mundo Bom!?
Estou gostando muito de fazer! O Walcyr [Carrasco, autor da novela] elabora os personagens profundamente. Eles têm sentimentos, dramaticidade, ao mesmo tempo em que são divertidos, cômicos. Para nós, atores, isso é muito bom, porque podemos
mostrar todas as facetas do personagem.
Você se identifica com a Eponina?
Passei minha infância no interior, na cidade do meu pai, em Santa Cruz das Palmeiras, em São Paulo. Ainda me lembro da minha
vó fazendo doce no tacho… Então, para mim, não é dificuldade fazer uma personagem dessas, até porque ela se encaixa muito
bem com o que eu gosto. Você pode fazer milhões de personagens, mas há alguns que são a sua cara, e isso é raro de acontecer.
A Eponina tem tudo a ver comigo. Naquele núcleo só tem caipira! [risos]. A Camila [Queiroz] é de Ribeirão Preto, o Anderson
[Di Rizzi, que interpreta o Zé dos Porcos] é de Campinas… O interior está muito bem representado.
Até hoje, que personagem foi mais marcante para você?
A Mamuska [de Da Cor do Pecado] foi um trabalho muito bom. A novela deu certo desde o começo, assim como Êta Mundo Bom!. Acaba sendo um fenômeno, né? Essas duas novelas são fortes. Mas também gostei de fazer Hilda Furacão.
Sua primeira formação é jornalismo. Por que você virou atriz?
Em primeiro lugar, não ia aguentar chefe na redação [risos]. Naquela época, para trabalhar na imprensa eu teria que ir para um grande jornal, e não tinha esse talento todo para escrever. Para mim, não é uma coisa fácil. Então, fui fazer assessoria de imprensa
na gravadora Som Livre. Fiquei cinco anos lá. Foi legal porque lidei com o mundo dos artistas, dos cantores. Fazíamos grandes
lançamentos. Mas na própria faculdade eu já comecei a participar de um grupo de teatro e, depois da minha primeira experiência como atriz, não quis mais largar.
Você é casada há 37 anos. Como conservar o casamento por tanto tempo?
Ah, acho que é porque a gente se diverte junto. Trabalhamos juntos, temos um filho, um neto. Construímos uma convivência legal, de respeito. É difícil, né? Ainda mais hoje em dia, que ninguém mais quer segurar as pontas… O povo só quer saber do lado bom, e o casamento não é isso. Casar é aturar tudo. Por exemplo, hoje mais cedo estava no hospital com meu esposo, ele foi fazer exames. Tem que acompanhar.
Você se considera romântica?
Só um pouco. Somos mais românticos quando temos 15, 16 anos… Mas então levamos o primeiro fora e já ficamos diferentes. Depois vem o segundo, e no terceiro já estamos mais espertos. Sofrer faz parte da vida, é uma educação emocional. Só temos
que aprender a lidar com isso, que é a parte mais difícil.
Como avó, você é mais brava ou mais liberal?
Meu neto tem 9 anos e eu dou bronca nele o tempo todo, não dou moleza, não! Mando deixar tudo arrumado, dobrar a roupa, lavar o copo… Temos que ensinar, né? É só assim que a criança aprende. Eu sou bem chata, acho que o pessoal dá muita moleza para criança hoje em dia. No Japão, por exemplo, as crianças limpam a própria sala de aula. Lá, eles têm outra mentalidade.
Ser avó é muito diferente de ser mãe?
É melhor, você fica mais relaxada. Educar é complicado, tem que falar não toda hora. Mas meu filho nunca me deu trabalho no quesito comportamento, sempre foi superlegal.
Longe das câmeras você é vaidosa?
Não muito, sou mais prática. Mas acho bonito quem é, admiro. Em mim, uso mais o básico, como marrom e bege. Mas gosto de bordado, renda, trabalhos manuais. Fui para o México e trouxe várias peças porque achei linda a maneira que eles têm de lidar com os tecidos.
O que gosta de fazer no tempo livre?
Cuidar do meu neto, ler um pouquinho e ir ao teatro para prestigiar colegas.
Como é a sua relação com a tecnologia?
Nenhuma, eu não gosto [risos]. Tenho dois celulares, um aparelho novo e outro velho, mas acabo sempre usando o mais antigo,
daqueles que só servem para telefonar. Acho a tecnologia interessante, porque dá pra você fazer algumas pesquisas, mas não quero ficar vendo foto de pizza e feijoada o dia todo. Não quero saber o que os outros estão comendo, não me interessa. É que as pessoas
são malucas, elas querem ser celebridade, e acham que agora todo mundo é uma. Então, ótimo, né? Para quem quer, aproveita!
Você tem algum lema de vida?
Acho que nós nascemos para sermos felizes. Temos que ser mais práticos e menos sofredores. Aproveitar o tempo, porque ele é
curto. É aquela história de não deixar para amanhã o que você pode fazer hoje, sabe? Também devemos estimular a felicidade dos demais. Eu, por exemplo, ajudo pessoas a fazerem cursos. Às vezes, alguém próximo está muito a fim, mas não pode pagar, então eu pago. Assim como meu tio um dia custeou meu inglês, hoje eu pago o mesmo curso para a filha de uma amiga minha, e um curso de enfermagem para a doméstica da minha nora. Temos que beneficiar os outros naquilo que eles precisam.
“Não gosto de tecnologia. Não quero ficar vendo foto de pizza e feijoada o dia inteiro. As pessoas são malucas, elas querem ser celebridade…”