Marcelo Adnet tomou coragem e relatou, na última sexta-feira (10), que sofreu abuso sexual na infância. Apesar do tema difícil, o ator teve que lidar com críticas e julgamentos nas redes sociais.
Internautas começaram a ofender o humorista e até questionaram o motivo dele não ter revelado antes esses abusos.
Adnet fez questão de rebater os comentários de forma direta: “[Não falei antes] porque não me foi perguntado. E o ‘oh coitado’ que você usou antes, deixou claro sua ironia. Falo sobre isso aos mais próximos há anos, mas nunca houve uma pergunta direta ou oportunidade de expressar. Pessoas que, sem motivo, desconfiam das vítimas, ajudam o abusador. Repense”, disparou em seu Twitter.
Outros ainda passaram a envolver política no meio, o que fez o humorista responder também: “Nesse momento, trazer uma questão pessoal para o campo político é falta de senso, de justiça, até de caráter. Você está partidarizando algo que não tem a ver com luta política”, escreveu.
ENTREVISTA
Em entrevista à Veja, Marcelo Adnet, de 38 anos, relatou que o crime aconteceu quando ele tinha 7 anos de idade e, depois, aos 11.
“Na primeira, nem sabia o que era sexo. O caseiro do lugar onde eu passava as férias começou a se aproximar de mim e pedir favores. Ele me chantageava dizendo que, se contasse algo a qualquer pessoa, meu cachorro morreria. Senti uma dor imensa, mas durou pouco porque meus parentes, que tinham ido ao mercado, voltaram para buscar a carteira”, contou.
O ator ainda contou que voltou a viver o ‘pesadelo’ anos mais tarde: “Se repetiu com um amigo mais velho da família”, relatou.
Quando questionado sobre o motivo de nunca ter tocado no assunto publicamente, Adnet falou que precisou de muita terapia para lidar com os traumas. “Para se ter uma ideia, só depois da morte desse conhecido da casa, há cerca de dez anos, consegui contar à minha família. Hoje, já falo de maneira natural porque entendi, após anos de análise, que o constrangimento não é meu, e sim de quem me abusou. O que fica disso é o susto, o trauma, a desconfiança”, afirmou.