Jesuíta Barbosa e Ícaro Silva foram os convidados do programa ‘Conversa com Bial‘ da última segunda-feira (23).
Ícaro, que interpretou Cassiano na novela ‘Verão 90’, da TV Globo, aproveitou o momento para falar sobre sexualidade, trabalho e identidade negra.
Em 2015, ele teve a oportunidade de interpretar Simonal em um musical que arrebatou o público. Sobre o cantor, ícaro lembrou o quanto o músico sofreu com o racismo na época da ditadura militar. “Nenhum status social vai te tirar da sua condição de afrodescendente no Brasil”, afirmou.
Ainda sobre o pai dos cantores Simoninha e Max de Castro, o ator falou qual foi a maior lição que aprendeu ao interpretar Simonal.
“Eu acho que o Simonal caiu em uma armadilha, ele achou que ter dinheiro suficiente era fazer parte dessa branquitude, aqueles que estão no poder no Brasil desde sempre. Ele caiu, acreditou e foi em alguns sentidos reprodutor do racismo”, disse.
O ator ainda falou sobre liberdade e descreveu a realidade difícil que viveu. “Para mim, liberdade é não ter medo. Eu nasci e morei os primeiros anos de vida em São Bernardo, mas depois me mudei para Diadema, e era uma cidade que nos 90 tinha uma realidade muito dura, de muita violência. Minha mãe nos criava como principezinhos na favela”, relembrou.
O ator contou que chegou a perder alguns amigos e vizinhos por conta dessa realidade: “Eu mesmo, na minha infância, muitos amigos, vizinhos se foram, ou cooptados pelo tráfico ou assassinados pela polícia em situações de guerra”.
Por fim, ele contou que teve sorte em sair da realidade periférica em que nasceu, apesar de ser uma exceção diante da atual realidade. Além disso, ele afirmou que sempre recebeu dos pais o incentivo para se dedicar à arte.
“Eu tive sorte de ter um pai e uma mãe que são sonhadores, batalhadores, que acreditaram e me tiraram da realidade”, concluiu.