Petrópolis também é conhecido como ‘Cidade Imperial’ porque, historicamente, abrigou a família real por anos. Após observar as notícias da tragédia que assolou a cidade da região serrana do Rio de Janeiro, após fortes chuvas, João Henrique de Orléans e Bragança, descendente do imperador D. Pedro II, deu uma entrevista à Folha que deixou os internautas curiosos.
Acontece que o bisneto da princesa Isabel disse que o desastre “tem culpados que todos conhecem”. Na opinião de João Henrique, os prefeitos e vereadores que assumiram o comando da cidade ao longo do tempo “incentivaram a ocupação dos morros da região”.
O herdeiro da família real ainda argumentou com fatos históricos: “Falava-se abertamente disso nos anos 1970. Os políticos traziam gente de Nova Iguaçu e Caxias, davam terrenos em áreas de risco, sem escritura nenhuma, em troca de as pessoas mudarem o domicílio eleitoral para a cidade. ‘Venham para Petrópolis que tem terreno para construir’, diziam na época. E até hoje é assim”.
“Não tinha Ministério Público, não tinha preocupação com o ambiente, não tinha associação de moradores. Seja de esquerda, centro ou direita, os políticos não ligam. Só fazem obras para aparecer e não querem saber se quase metade dos moradores de Petrópolis está em área de risco. Não ligam se morrerão soterrados”, completou João Henrique.
DESASTRE EM PETRÓPOLIS
André Curvelo está cobrindo a tragédia que aconteceu por causa das fortes chuvas em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro. Durante uma passagem ao vivo, nesta quinta-feira (17), no ‘Encontro’, o jornalista conversou com Fátima Bernardes e chegou a se emocionar diversas vezes.
Curvelo pediu para mostrar a história de um morador de Petrópolis que acabou perdendo toda sua família para os escombros da tragédia.
“Ontem eu tive uma conversa com um pai, mas eu não consegui terminar de contar pra vocês [por ter se emocionado tanto]. Mas, eu queria mostrar um pouco dessa dura entrevista, é uma entrevista triste, mas eu queria que a gente tentasse se colocar no lugar dele”, começou André, com a voz trêmula de emoção.
“Esse homem tentou salvar a família toda, ele fez de tudo, mas perdeu todo mundo. Queria que a gente assistisse juntos, para refletir”, disse, antes do VT do homem começar.
Durante a entrevista, o rapaz, que não se identificou com nome e sobrenome, começou contando sobre o momento em que o deslizamento chegou até sua casa. Nas imagens, ele aparece em cima de um morro formado por destroços.
“Desci, botei minha esposa aqui com a minha filha, daí ela falou: ‘Vai pegar o Lucas’. Aí eu subi pra pegar o Lucas, que é meu filho de 21 anos. Ela [a esposa] ficou aqui. Cheguei lá e falei: ‘Lucas, vamos descer porque tá descendo muita água suja com barro, isso vai descer'”, começou o pai.
“A hora que eu vim descendo, eu olhei pra cima, vi assim… igual neve vindo [como se fosse uma avalanche]”, continuou, chorando. “Aí eu corri ao contrário, meu filho, agarrado na minha mão, correndo ao contrário. Só que aí ele caiu, ainda agarrado na minha mão, escorregou os dois pés [tropeçou] e escapuliu da minha mão [e a lama o levou]”, disse aos prantos.
“Daí eu tinha deixado a minha mulher e a minha filha de sete anos aqui em cima. Eu vim correndo, por dentro do mato, gritando ‘Eliane, Eliane! A barragem levou o Lucas!’, daí ela caiu”, concluiu.