Além do tédio, o período de quarentena preventiva, método adotado para reduzir o contágio pelo novo Coronavírus, pode apresentar um risco sério: o aumento de acidentes domésticos. Foi o que aconteceu com o filho da sertaneja Simone.
A cantora usou as redes sociais na tarde da última quarta-feira (24), para relatar um susto e tanto: Henry, de apenas 5 anos, escorregou na borda da piscina e machucou o rosto.
De acordo com Tania Maria Russo Zamataro, presidente do Departamento de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), acidentes domésticos são os grandes responsáveis pelas mortes e invalidez de crianças entre 1 e 14 anos no Brasil.
Afogamento, sufocação, queimaduras, queda e intoxicação estão entre as principais ocorrências de mortes ‘acidentais’ em crianças, sendo que a idade do pequeno e a quantidade de tempo que ele permanece em casa tem relação direta com tais fatalidades.
O PERIGO DAS PISCINAS
No caso de Simone, a especialista revela que é necessário ter atenção redobrada quando os filhos estão nos arredores de piscinas: “Um deslize e a criança escapa para a água, eles têm verdadeira atração por ela”, conta em entrevista para a AnaMaria Digital.
Para garantir a máxima segurança, a pediatra alerta:
- As piscinas devem ser protegidas com cercas de no mínimo 1,5 m de altura e portões com cadeados ou trava de segurança;
- Crianças na piscina ou próximo a elas devem estar sempre acompanhadas por um adulto responsável, que deve permanecer à distância de um braço do pequeno;
- Não confiar em boias que não sejam as colete salva-vidas, elas dão uma falsa impressão de segurança;
- Elas devem ser orientadas a não correr, empurrar, pular em outras crianças na piscina ou próximo a elas;
- Piscinas portáteis e baldes devem ser esvaziados após o uso;
- A partir dos 4 anos, as crianças devem aprender a nadar com profissionais qualificados;
- Sucção de cabelo e partes do corpo deve ser evitado com uso de ralo(s) anti-aprisionamento e precauções de desligamento do funcionamento da bomba. Também oriente a criança a mergulhar bem longe dos ralos.
DICAS PARA EVITAR QUEDAS
A médica relembra ainda que é crucial que os pais acompanhem os filhos de perto, procurando evitar lesões mais sérias causadas por quedas. No caso de escadas, fazer o uso de corrimãos, ter o cuidado de não deixar os degraus escorregadios e não incentivar o uso de andadores infantis são dicas relevantes.
“O ideal é colocar portões nas beiradas da escada, impedindo que as crianças pequenas subam ou desçam sem um adulto junto”, declara.
ATENÇÃO COM PRODUTOS QUÍMICOS
Além disso, a médica destaca que neste momento é importante os responsáveis tomarem cuidado com a exposição dos pequenos aos produtos de limpeza, mantendo-os sempre fora de seu alcance.
“Considere deixá-los em armário alto e trancado. Muito cuidado com o uso do álcool líquido pelo poder de combustão”, indica.
ORGANIZAÇÃO É O IDEAL
Em tempos de se resguardar, Tania explica que manter uma rotina organizada para os filhos é necessário. Eles podem acabar apresentando quadros de estresse uma vez que não podem gastar parte da sua energia com atividades ao ar livre. Neste cenário, ter horários bem definidos, assim como respeitar as limitações e os momentos de brincadeiras individuais e com os pais, são boas pedidas.
“Colocar as crianças para ajudar nos afazeres da casa, deixar as brincadeiras mais agitadas para a manhã, ou começo da tarde, e as mais lúdicas para à noite, para não atrapalhar o sono”, sugere.
CUIDADO COM OS IDOSOS
Entretanto, não são somente as crianças que se encontram vulneráveis aos acidentes domésticos. Os idosos, principal grupo de risco do Covid-19, também estão entre os mais acometidos pelas ocorrências.
De acordo com o geriatra Natan Chehter, membro da Sociedade Brasileira de Geriatria, ambientes escorregadios, escadas e subir em cima de móveis são os principais cenários de traumas causados pelos acidentes domésticos na terceira idade.
Para o especialista, o cuidado para não deixar a água empossar, o uso de toalhas antiderrapantes nos banheiros, tanto como a sinalização de escadas, e não fazer uso de tapetes antes ou depois delas, são boas soluções para evitar quedas.
“Neste tempo de isolamento é preciso pensar na limitação de cada um para poder adaptar a rotina e não se expor ao risco”, relembra.
CASOS MAIS SÉRIOS
O profissional indica que na medida do possível, aqueles idosos que tiverem dificuldades mais severas, como mobilidade reduzida, o ideal é que obtenham auxílio por parte de um responsável, mas relembra que em tempos de pandemia, é necessário que isto não represente um risco à contaminação.
“Uma pessoa que pode ajudar estando no mesmo ambiente, evitando ficar entrando e saindo de casa. Se for inevitável, deve-se acontecer com os maiores cuidados do mundo. Não expor ninguém a risco de contaminação ou acidentes domésticos seria o melhor dos mundos”, assegura.
MANTER-SE ATIVO É O IDEAL
Além disso, o geriatra destaca que é importante manter-se ativo mesmo durante a quarentena. A criação de uma rotina de exercícios físicos, recomendados para o quadro de saúde do idoso é essencial.
“O que não queremos é inatividade física, o fato de estar em sua residência não significa que você precisa estar inativo. Ficar em casa limita, não é a mesma coisa que na academia em um ambiente supervisionado, mas é melhor do que ficar sentado e deitado”, relembra.
Começar por meio das tarefas domésticas pode ser interessante, o que inclui cuidar do jardim e realizar uma faxina, por exemplo, atividades que auxiliam o corpo a se manter em movimento.