O ex-presidente Fernando Collor pediu perdão pelo confisco das poupanças no início de seu governo, em 1990. Ele usou o Twitter, na manhã da última segunda-feira (18), para justificar os atos afirmar que errou na época.
“Pessoal, entendo que é chegado o momento de falar aqui, com ainda mais clareza, de um assunto delicado e importante: o bloqueio dos ativos no começo do meu governo. Quando assumi o governo, o país enfrentava imensa desorganização econômica, por causa da hiperinflação: 80% ao mês”, iniciou ele.
Collor disse que os mais prejudicados eram os pobres, que acabavam por perder o poder de compra e que estavam morrendo. Diante do cenário, se deparou com um plano econômico “viável”. “O Brasil estava no limite! Durante a preparação das medidas iniciais do meu governo, tomei conhecimento de um plano economicamente viável, mas politicamente sensível, com grandes chances de êxito no combate à inflação.”
O ex-presidente afirmou que era uma decisão difícil e preferiu assumir o risco, mesmo sabendo que poderia perder a popularidade e o cargo de presidente. “Eliminar a hiperinflação era o objetivo central do meu governo e também do país.”
“Acreditei que aquelas medidas radicais eram o caminho certo. Infelizmente errei. Gostaria de pedir perdão a todas aquelas pessoas que foram prejudicadas pelo bloqueio dos ativos”, afirmou Fernando Collor.
Para finalizar, ele destacou que não havia outra alternativa no início dos anos 90. “Quisemos muito acertar. Nosso objetivo sempre foi o bem do Brasil e dos brasileiros”, concluiu.
ENTENDA
Fernando Collor de Melo foi o primeiro presidente eleito pelo voto direto após os quase 30 anos de ditadura militar, em 1990. Na época, o país enfrentava uma inflação de 84% ao mês.
O Plano Collor trouxe o bloqueio das cadernetas de poupança, isto é, o dinheiro que os brasileiros pouparam ficou bloqueado por 18 meses, além de acarretar em desempregos e uma inflação ainda maior.
Em 1992, ele sofreu processo de impeachment após envolvimento em um esquema de corrupção e perdeu o mandato por crime de responsabilidade, tendo seus direitos políticos suspensos por oito anos.