Wanessa Camargo relembrou durante uma conversa no ‘BBB 24’, que fez uma cirurgia para tratar a endometriose. Segundo a cantora, o procedimento fez com que ela tivesse a possibilidade de conseguir engravidar.
Antes de passar pela cirurgia, Wanessa relata que sentia fortes dores durante as relações sexuais e que não conseguiu ter filhos por três anos consecutivos. A AnaMaria Digital te explica o que é a condição e porque ela afeta tanto a vida sexual e a saúde reprodutiva de uma pessoa com útero.
“A endometriose é uma situação em que acontece a saída do tecido endometrial – aquele tecido menstrual para fora do útero – e a implantação do mesmo em outro local que não aquele que ele na verdade deveria ficar. Isso causa uma reação inflamatória e essa reação é que vai gerar os sintomas”, detalha Marcos Tcherniakovsky, ginecologista, obstetra e diretor de comunicação da Sociedade Brasileira de Endometriose.
É uma doença que começa na adolescência e o diagnóstico se dá entre 10 a 15 anos depois. “As mulheres usam anticoncepcional por anos e quando param para engravidar, se deparam com dor menstrual ou não conseguem engravidar. Nem toda mulher que tem cólica vai desenvolver endometriose”, explica a médica ginecologista Marise Samama.
O diagnóstico precoce é um desafio, conforme mencionam, pois a cólica menstrual é queixa comum da maioria. Alguns dos sintomas da endometriose são:
- Dismenorreia – dor na menstruação;
- Dispareunia – dor na relação sexual;
- Disquesia – dor ao evacuar;
- Disúria – dor ao urinar;
- Dor pélvica crônica – dor em qualquer época do mês, é classificada como dor pélvica crônica, uma vez que geralmente persiste por mais de seis meses.
- Dificuldade de engravidar – afeta a capacidade reprodutiva.
As dores começam antes dos 20 anos e vão piorando gradativamente, afetando a qualidade de vida física e mental da mulher. Ou seja, não é normal ter cólica menstrual, inchaço na barriga ou dificuldade para urinar ou para evacuar. Essas são situações que quando uma mulher tem é importante que ela compartilhe com o seu médico ou com o seu ginecologista para se solicitar os exames necessários.
“A Wanessa fala isso muito bem quando comentou sobre a demora no diagnóstico e a dificuldade para engravidar. Repare que é uma situação que ela sofria bastante, dos 24 aos 27 anos tentando engravidar, até que ela foi procurar uma ajuda”, comenta Tcherniakovsky.
TRATAMENTO
“Em termos gerais, costumamos indicar a cirurgia, quando a paciente tem os sintomas acima, eles são suficientes para atrapalhar a qualidade de vida dessas mulheres”, avalia Thiers Soares Raymundo, especialista em cirurgias ginecológicas minimamente invasivas, experiente em endometriose.
“Uma indicação é a dificuldade de engravidar. Outra indicação, é quando temos uma lesão suspeita de endometriose, que não é comum mas pode acontecer, uma lesão no ovário, por exemplo. Outras indicações é quando há um comprometimento funcional dos órgãos, por exemplo, quando temos o comprometimento do intestino, na área do apêndice, e que pode causar uma obstrução intestinal. E quando há uma obstrução do ureter, que leva a urina do rim até a bexiga, quando há um medo de comprometimento do ureter, uma dificuldade dessa drenagem, da urina, também indicamos cirurgia. Esses são os principais cenários”, ele acrescenta.
No caso da Wanessa Camargo, ela afirma que tinha até uma envolvimento intestinal. Esta é uma das situações em que o corpo médico opta pelo tratamento cirúrgico. “A videolaparoscopia é a melhor opção para o tratamento cirúrgico da endometriose, que pode ser realizada pela técnica convencional ou pela técnica robótica. Ambas minimamente invasivas que são muito bem utilizadas e com recuperações muito rápidas”, reforça Tcherniakovsky.
“O caso da Wanessa nos mostra que após a cirurgia ela ficou assintomática, melhoraram os sintomas e ela conseguiu engravidar. A endometriose tem muitas particularidades e cada caso tem que ser individualizado. O médico precisa explicar e dividir todas as questões com a paciente para se chegar em um comum acordo de qual tratamento será melhor”, conclui.