A digital influencer Marina de Barros tinha apenas 14 anos quando começou a sentir sintomas que, para ela, eram desconhecidos até então. Após passar por vários médicos e nenhum descobrir o que ela tinha de fato, o diagnóstico de diabetes veio no susto.
Ela foi parar na Unidade de Terapia Intensiva de um hospital, após entrar em coma por cetoacidose diabética, uma condição grave que acontece quando os níveis de açúcar (glicose) no sangue do paciente diabético encontram-se muito altos.
O diabetes, doença endócrina causada pela falta de insulina no corpo ou pela diminuição da sua ação, afeta atualmente cerca de 422 milhões de pessoas no mundo, sendo 13 milhões somente no Brasil, o quarto país com mais registros, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Desde 1991, o dia 14 de Novembro é celebrado pela Federação Internacional de Diabetes (IDF: International Diabetes Federation) e pela Organização Mundial de Saúde como ‘Dia Mundial de Diabetes’.
“Chamamos de diabetes a situação em que há uma elevação de açúcar no sangue e junto com isso, alterações no metabolismo de proteína e também de gordura”, afirma a médica endocrinologista Denise Franco, que é pesquisadora do Centro de Pesquisa Clínica (CpClin).
Segundo a endocrinologista, a doença já é considerada uma epidemia, pois atinge um número considerável de pessoas no mundo inteiro. No entanto, aceitar a doença nem sempre é fácil. Marina, por exemplo, sentiu muita dificuldade em lidar com a questão.
“No começo existe a negação e os questionamentos do porquê isso aconteceu. Porém, mesmo com tudo isso e a revolta da doença, eu nunca deixei de lado o tratamento. Fazia o que era preciso, sem me dedicar 100%, mas nunca abandonei totalmente a doença, porque sempre tive muito medo das complicações”, conta.
Tudo mudou quando a digital influencer entendeu que mudar a sua rotina seria a melhor opção para ela. “Aí as coisas ficaram mais naturais, pois foi um processo de aceitação e mudança”, conta.
Marina de Barros passou por um processo de aceitação após descobrir ser portadora da doença FOTO: Arquivo pessoal
SINAIS
Os sintomas do diabetes podem ser facilmente confundidos com outros problemas, como aconteceu com Marina, hoje com 34 anos.
“Eu sentia muita sede, enjoo, fadiga, visão turva, mas todos eram confundidos com outras coisas pelos médicos. Tanto que nenhum deles, na época, cogitou ser diabetes por falta de informação mesmo”, diz, ressaltando que também perdeu bastante peso na época.
Todos os sinais citados pela influencer são confirmados pela endocrinologista, que completa:
“Inicialmente pode surgir apenas fadiga, cansaço e visão turva, associado a uma vontade de fazer muito xixi. Nós chamamos isso de ‘os três polis’: poliúria, polidipsia e polifagia. Poliúria é fazer muito xixi, polidipsia é beber muita água, e polifagia é comer. E, como consequência, apesar de você comer mais, começa a perder peso”, explica.
Para a influencer, a maior dificuldade enfrentada após descobrir ser portadora do Diabetes foi a aceitação.
“Encarar de frente que é uma condição sem cura, para o resto da vida, que não vai ‘passar’, é algo que você precisa ser entendido no seu tempo, pois não adianta lutar contra. Você precisa aceitar e se aliar a doença. fazer com que as coisas não sejam pesadas, porque ela vai estar ali com você 24h por dia, sem férias”, afirma.
DIAGNÓSTICO
Ter um diagnóstico preciso é o primeiro passo para o tratamento adequado do diabetes, como explica a especialista: “É feito pela dosagem de açúcar no sangue e, em geral, o que nós fazemos é medir pelo menos duas medidas de glicemia em jejum, porque se elas estiverem maior ou igual a 126, isso faz o diagnóstico diabetes”.
A médica completa dizendo que também pode ser realizado um teste de tolerância a glicose ou, dependendo do caso, pode ter o diagnóstico através do uso da hemoglobina glicada: “Que é um exame que vê a média da glicemia dos últimos três meses”.
MUDANÇA DE HÁBITO E TRATAMENTO
Não é nada fácil mudar os hábitos quando se está habituado a uma rotina, inclusive alimentar. Porém, para o diabético, algumas mudanças são fundamentais e também fazem parte do tratamento. Para Marina, foi preciso muito foco e disciplina para lidar com a novidade.
“No começo da doença tive muita restrição alimentar, porque não se falava sobre contagem de carboidratos. O tratamento era basicamente insulina e restrição alimentar. Hoje, o cenário mudou completamente. Eu como bem por uma questão de saúde em geral, não só pelo diabetes, e faço atividade física pelo mesmo motivo. Não existe mais aquela proibição de antigamente”, relata.
A médica diz que o mais importante após receber o diagnóstico de Diabetes é primeiro saber um pouco mais sobre a doença e como conviver com o problema.
Depois, manter uma dieta equilibrada, vida ativa e controle da taxa de glicemia podem garantir o bem-estar de quem sofre da doença.
“O tratamento pode incluir mudança do estilo de vida, é importante ter uma vida mais saudável, praticar atividade física, evitar o cigarro, tomar as medicações orais e as injetáveis”, explica.
Exercitar-se com frequência pode ajudar a reduzir a glicemia e melhorar os níveis de A1C (teste de hemoglobina glicada), é o que garante a Associação Americana de Diabetes (American Diabetes Association), que recomenda ao menos 30 minutos de exercícios físicos durante cinco dias por semana.
As medicações são necessárias para o tratamento do diabetes FOTO: Instagram/ @diabeticatiporuim
ATENÇÃO REDOBRADA
Vale lembrar que, em alguns casos, se negligenciada ou não tratada de forma adequada, o diabetes pode causar problemas mais graves, como alerta a endocrinologista:
“A principal causa de morte nas pessoas com Diabetes é a doença cardiovascular, e a gente previne as doenças tratando e, principalmente, investindo em conhecimento, em tratamento e controlando a glicemia. Mas desde o começo do diagnóstico, é importante que a pessoa assuma o tratamento, seja empoderada e participe de maneira que possa intervir e evitar as complicações do diabetes antes delas aparecem, e principalmente, as doenças cardiovasculares”, conclui.
FALTA DE INFORMAÇÃO
De acordo com uma pesquisa encomendada Merck, empresa líder em ciência e tecnologia, muitos brasileiros ainda têm pouco conhecimento sobre a doença.
Entre os jovens, 65% não sabem que evitar ou abandonar o hábito de fumar é uma maneira de evitar a doença. 46% dos brasileiros não sabem que o diabetes tipo 2 pode ser evitado, assim como 32% desconhecem as medidas que podem ser tomadas para impedir ou retardar o desenvolvimento da doença.
Dos entrevistados, 26% também desconhecem ou não sabem que ter um membro da família com diabetes aumenta o risco de desenvolver a doença, enquanto 25% acreditam que sinais e sintomas de diabetes em estágio inicial podem ser observados, quando, na verdade, a doença em seu início não apresenta sinais e sintomas e só pode ser diagnosticado com testes de laboratório.